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O “cidadão preparado”

O cidadão preparado nunca está preparado, mas prepara-se tanto quanto possível continuamente para catástrofes caóticas independentemente da sua génese.

As vertentes de preparação são:

  • Logística de emergência (alimentação, energia elétrica e combustível)
  • Alojamento de emergência incluindo área de higiene e saneamento básico
  • Saúde (primeiros socorros e medicação regular)
  • Comunicações de emergência e canais pré-definidos
  • Rotas de fuga de emergência e locais de encontro pré-definidos
  • Segurança e proteção do agregado familiar e seus bens
  • Tesouraria de emergência
  • Arquivo documental (cópias de documentos plastificados)
  • Plano de Emergência Familiar (do domínio de todos os membros do agregado familiar)

A autonomia desejável é de 3 meses, a autonomia mínima é de 72horas.

Embora o conceito “cidadão preparado” possa ter muito em comum com o conceito prepper originário dos Estados Unidos da América, este novo conceito não se revê na vertente mais radical do prepping.

O cidadão preparado é um comum cidadão cuja preparação não é um hobby ou moda, mas sim uma necessidade real face às ameaças do mundo quotidiano, procurando à medida que identifica novos perigos e vulnerabilidades anulá-los tanto quanto possível ou mitigá-los, ao mesmo tempo que se prepara para a autoproteção caso não seja possível anular ou mitigar os riscos.

Cidadãos preparados são parte da solução dos problemas de proteção civil, visto que podem aliviar a carga de trabalho sobre os serviços de emergência e proteção civil cujas capacidades de resposta são finitas.

Por vezes ficamos frustrados por não conseguir contactar alguém via rádio…

Artigo de opinião
Autor: João Saraiva

Por vezes as disponibilidades não coincidem e por isso mesmo localmente não conseguimos contactar ninguém, por isso todos os domingos de manhã onde quer que estejam os membros da Rede 73, ligam os seus rádios e tentam chamar, porque se ninguém tiver a iniciativa de chamar não há probabilidade de contacto. Fruto desta regularidade esporadicamente encontramos um vizinho e assim aumentamos a nossa lista de contactos locais.

Quanto às comunicações a maiores distâncias as frustrações também são frequentes, pois muitas vezes estamos a ouvir bem a outra estação e ela não nos responde e, para isso existem várias explicações possíveis, entre elas:

  • Tem o squelch (sistema de silenciamento de ruído natural da frequência) ou o ganho de RF muito fechado e por isso não recebe estações mais distantes;
  • Está a transmitir com potência superior aquela que estamos a utilizar;
  • A sensibilidade do recetor da outra estação é inferior à do seu recetor;
  • Está a operar equipamento portátil com antena reduzida;
  • Tem o equipamento portátil em posição desfavorável;
  • Tem uma fonte de interferência local ou distante que impossibilita a receção de outras estações distantes;
  • Está a transmitir com antena direcional em direção oposta;
  • A antena da outra estação tem mais ganho do que a sua;
  • Está a usar uma antena com características para comunicações locais;
  • Está em viatura e a direccionalidade da antena em relação à carroçaria da viatura dificulta a receção em determinada direção.

Existem assim diversas causas potenciadoras de episódios de frustração nas radiocomunicações, contudo, são essas desilusões que nos possibilitam valorizar as situações em que alcançamos melhores resultados, bem como são também elas que nos propiciam aprendizagem de algumas técnicas que eventualmente possibilitem ultrapassar alguns desses constrangimentos.

Tenha ainda em atenção que o problema nem sempre está do outro lado, uma antena desafinada pode provocar atenuação significativa na potência emitida pela sua estação e, se a relação de ondas estacionárias (potencia refletida para o emissor) for muito elevada, além de reduzir substancialmente o seu alcance pode danificar o transístor amplificador final de potência do seu rádio. Por outro lado, se as características do seu equipamento não se adequarem à sua tonalidade e nível de voz, embora chegue à outra estação a sua voz pode ser menos percetível ou mesmo impercetível, importando por isso ao adquirir um equipamento falar com um vendedor especializado que o saiba aconselhar sobre o equipamento mais adequado ao seu tipo de voz, bem como eventualmente propor-lhe ajustes de otimização do equipamento sem sair dos limites legais. Alguns equipamentos mais sofisticados possibilitam mesmo ao operador ajustar o ganho de microfone ou mesmo a tonalidade de áudio na emissão, sendo geralmente estes equipamentos também mais dispendiosos.

Outro comum fator de perturbação é o uso de eco, tanto próprio do espaço, como de dispositivos que o geram no seu equipamento rádio ou microfone acessório com eco, quando o eco é exagerado ou coincide com determinada sobreposição de frequências audíveis, a compreensibilidade é reduzida e por vezes mesmo anulada. Tenha sempre em conta que do outro lado pode estar alguém com problemas auditivos e por isso incapaz de descodificar determinadas tonalidades de voz, sendo o eco um constrangimento na comunicação que se pretende isenta de ruídos.

Associe-se numa Associação especializada em radiocomunicações e ajude a comunidade de amadores de rádio a desenvolver as suas atividades e a partilhar conhecimentos úteis.

www.aprosoc.pt

Gosto de radiocomunicações, devo ser radioamador ou radioperador?

O radioamadorismo destina-se a quem tem vocação para o desenvolvimento tecnológico, implicando a habilitação legal para exercer essa atividade um exame de conhecimentos técnicos realizado na Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), para a categoria 3 (50.00€) e que lhe possibilita operar a estação de outros radioamadores sob a supervisão do mesmo, podendo findos 2 anos efetuar novo exame para subir à categoria 2 (50.00€) e passar a ter autonomia de operação e poder adquirir e instalar a sua própria estação. Os exames não são difíceis, mas implicam estudo de preparação para a obtenção de aptidão.

Para além da vocação e habilitação legal o candidato a radioamador deve equacionar se dispõe da condição económica adequada ao exercício do hobbie cumprindo todas as regras com equipamentos lícitos.

O radioamadorismo é um hobbie técnico-científico de desenvolvimento contínuo que implica um investimento continuado embora não obrigatório.

Para ser radioperador CB (citizens band), PMR446MHz, LPD433MHz, ou SRD2.4GHz (normas aplicáveis a equipamentos de uso livre de taxas e licenças), basta adquiri-los e usa-los, as regras de uso são facultativas e simplificadas. Os equipamentos são geralmente económicos e possibilitam alcances entre dezenas de metros a alguns quilómetros, embora por vezes em função da orografia do terreno, adequada instalação e condições de propagação se atinjam distâncias surpreendentes na ordem das centenas ou mesmo no caso da CB milhares de quilómetros.

As radiocomunicações cidadãs são um hobbie recreativo de reduzido investimento, não sendo raros os praticantes que usam os mesmos equipamentos há décadas, com alguns custos reduzidos de manutenção.

Ambos os hobbies (amador ou recreativo) têm aplicabilidade em proteção civil, nomeadamente para fins de autoproteção no âmbito das alternativas de radiocomunicação quando falham as telecomunicações de acesso público.

Cada um deve optar pela solução que melhor se adequa ao seu perfil. A inscrição numa das Associações existentes e dedicadas às radiocomunicações possibilita geralmente uma integração mais económica devido ao facto de os interessados beneficiarem do aconselhamento dos praticantes mais experientes.


Um radioamador ou outro cidadão podem usar equipamentos de radioamador em CB ou PMR446?

Resposta:
Não. Os equipamentos de CB (citizens band) ou de PMR446 são equipamentos exclusivamente destinados a essa função, com características próprias e diferentes das características dos equipamentos de radioamador.

Na União Europeia, os equipamentos destinados à CB ou PMR446 têm de possuir uma declaração de conformidade com as normas vigentes, emitida pelo Fabricante ou por quem legalmente o represente num Estado membro da UE.

Em Portugal as autoridades são frequentemente condescendentes com a utilização de equipamentos CB que embora não tenham declaração de conformidade face às normas atuais, tenham estado abrangidos pelas normas anteriormente em vigor em Portugal e não excedam os limites de potência e radiações não essenciais actualmente impostos, bem como não possibilitem o recurso a frequências diferentes das legalmente permitidas (excepto nos atuais equipamentos multinorma) esta prática é um ato de cortesia e não uma obrigação. Esta condescendência não se aplica ao uso de equipamentos de radioamador em CB ou PMR446, nesses casos quando detetada a infração as autoridades procedem à apreensão dos equipamentos e identificação do presumível infractor para posterior aplicação da correspondente sanção contraordenacional.

Em caso de duvida sobre a veracidade das informações aqui prestadas contacte a ANACOM – Autoridade Nacional de Comunicações, através dos seguintes contactos:
» [email protected]
» 21 721 1000

Os exercícios semanais de radiocomunicações cidadãs da APROSOC contribuem para a autoproteção dos cidadãos

RADIOCOMUNICAÇÕES | Os exercícios semanais de radiocomunicações cidadãs da APROSOC contribuem para a autoproteção dos cidadãos

Como é sabido desde os incêndios de 2017 que a APROSOC intensificou os seus exercícios de radiocomunicações, realizando-se atualmente semanalmente. Estes exercícios, tal como o nome indica, objetivam exercitar os procedimentos radiotelefónicos facilitadores das melhores práticas de radiocomunicações com aplicabilidade em emergências, em plena harmonia com a legislação vigente. A par destas preocupações estão, a habituação ao cumprimento dos limites de emissão contínua conducentes ao não monopólio dos canais rádio e que, simultaneamente possibilitam aumentar a eficácia e eficiência da fluidez do tráfego de radiocomunicações de emergência.

Estes exercícios possibilitam aos utilizadores o ganho de experiência tanto no manuseamento das funções dos seus equipamentos, como no reconhecimento das características de alcance tanto em meio rural como em meio urbano, possibilitando igualmente o reconhecimento da população utilizadora de meios de radiocomunicações cidadãs nas imediações, fatores conducentes à proficuidade das comunicações em cenários de exceção tais como acidentes graves ou catástrofes.

Estes exercícios são abertos aos membros da APROSOC – Associação Nacional de Emergência e Proteção Civil.

Estes exercícios têm ainda despertado a curiosidade de muitos outros cidadãos pelas radiocomunicações cidadãs, muitos deles já se tornaram também utilizadores de rádios CB e PMR446, e alguns até se tornaram radioamadores. Juntos, estamos mais preparados para face a acidentes graves ou catástrofes ter alternativas de radiocomunicações quando não existem telecomunicações de acesso público.