Ex.mos Senhores
A APROSOC – Associação de Proteção Civil, vem pelo presente lamentar a incomensurável ignorância do Partido Pessoas Animais e Natureza (PAN), sobre o uso da coleira de elos, também conhecida como coleira estranguladora. Em primeiro lugar esta coleira não se destina a estrangular, mas sim a comunicar com o canídeo através do som da fricção dos elos, contudo, se por qualquer motivo o canídeo se tornar agressivo possibilita aí sim através da aplicação de pressão, controlar o canídeo no seu ato errante. Tal como qualquer outra coleira ou peitoral, o uso incorreto pode gerar lesões. Na esmagadora maioria dos casos em que os canídeos não correspondem à obediência básica, constata-se que o problema não está no canídeo, mas sim no dono ou no “treinador”, pois qualquer canídeo atinge a obediência básica e comportamental com o treino adequado, mesmo os que sofrem de hiperatividade. Somente por desconhecimento de causa, se legisla tal proibição, já que, a solução em Portugal parece ser sempre optar pela solução mais simples, ou seja, é sempre mais simples proibir o objeto que regulamentar o correto uso, isto porque geralmente quem legisla também não conhece as técnicas de uso adequado, nem consulta os especialistas e associações suas representantes para o efeito.
O que não falta por aí são cães a puxar pelos donos e donos a arrastar os seus cães seja com coleira ou peitoral, situações essas sim preocupantes e notórias de incomensurável ignorância de pessoas que tratam os seus cães como objetos decorativos e que, pelo trato que lhes dão e obediência pretendida sem qualquer treino não mais merecem que um peluche telecomandado. A dignidade animal não está relacionada com o uso ou não uso de coleira de elos, por mais estudos que se façam, até porque, se se fizerem estudos sobre qualquer outro tipo de coleira em canídeos não treinados e que muitas vezes nem sequer têm o dono como referência, o resultado será o mesmo.
Raras são as pessoas preparadas para ter um cão como animal de companhia, raras são as que se vão dar ao trabalho de compreender o seu animal para interagir com ele.
Para se adotar uma criança é necessária avaliação psicossocial, mas para se adotar um cão é necessário apenas assinar um papel. Talvez valha a pena uma reflexão sobre o assunto.
João Paulo Saraiva
Presidente da Direção