A utilidade dos exercícios de radiocomunicações de emergência

Artigo de opinião de: João Paulo Saraiva
Presidente da Direção da APROSOC
CT1EBZ | Raio#1

Existem diferentes utilidades nos exercícios de radiocomunicações de emergência, desde logo praticar a operação cumprindo os procedimentos radiotelefónicos normalizados, sendo este o tipo de exercício mais comum. Por outro lado os exercícios de teste de cobertura, que idealmente devem testar a cobertura de estações base, mas cuja maior utilidade é mesmo a cobertura local de estações móveis e portáteis idealmente ao nível de bairro ou, no limite, ao nível de freguesia ou concelho, quer na comunicação entre membros da comunidade ou, na ligação de membros da comunidade aos diferentes serviços essenciais, bem como de emergência e proteção civil, através do posicionamento de membros da comunidade munidos de meios de radiocomunicação junto desses serviços, como sejam: Junta de Freguesia (Unidade Local de Proteção Civil, Bombeiros, Cruz Vermelha, INEM, Serviço Municipal de Proteção Civil, Posto de Comando, Posto de Saúde, Posto ou Esquadra Policial, Hospital, fornecedores de logística, Zona de Concentração e Apoio Psicossocial (ZCAP), entre outros.

A realização de exercícios fora destes conceitos, eterniza o ciclo de exercícios sem aplicabilidade prática para situações reais, a pensar na mobilização dos serviços de proteção civil que pode nunca ocorrer ainda que o estado de necessidade exista. A realização de exercícios autónomos das estruturas governamentais a pensar nas necessidades das populações ao invés das necessidades dos serviços, viabilizam sempre a utilidade prática ao invés dos demais, logo, a utilidade dos exercícios de radiocomunicações, depende mais de quem os organiza do que de quem nas estruturas governamentais eventualmente um dia possa solicitar o seu acionamento.   Contudo, a realização de exercícios de radiocomunicações de emergência com utilidade real, depende sempre da mobilização de participantes em grande número, sendo este na atualidade o grande desafio para as organizações de radiocomunicações, encontrar a fórmula mágica para atrair a mobilização em massa com coincidentes disponibilidades dos participantes, isto porque a sociedade de um modo geral e o patronato em particular, não compreende que este seria um motivo sobejamente nobre para por exemplo justificar no dia do exercido a falta ao trabalho.
A proficiência na mobilização de dispositivos organizados de resposta às radiocomunicações de emergência em caso de desastre pode poupar vidas e bens mas, o sistema público não está preparado para admitir que nessas situações não tem capacidade e que, em caso de falha das telecomunicações de acesso público, sem resposta cidadã organizada para as radiocomunicações de emergência, muitos pedidos de ajuda ou socorro nunca chegarão atempadamente a quem deviam chegar.