Artigo de opinião (Por João Saraiva): Questões aos “Radioativos” da APROSOC

Olá “Radioativos” da APROSOC

As atividades domingueiras de radiocomunicações cidadãs da APROSOC, são multidisciplinares e, gostaríamos que fossem mais participadas presencialmente nos locais de ativação, ainda que a presença de uns seja para  DX, de outros para comunicações locais, outros para comunicações emergêncistas, outros para testar equipamentos, uns mais para as radiocomunicações de uso livre, outros eventualmente mais para o radioamadorismo, sem prejuízo de todos poderem praticar o que bem lhes aprouver em toda a latitude das atividades de radiocomunicações analógicas, digitais, terrestes ou espaciais.

As diferentes possibilidades acima referidas, possibilitam algo maior, as relações interpessoais e o melhor conhecimento dos colegas, o combate à solidão e isolamento social, o combate à exclusão, a partilha de saberes e conhecimentos, a confraternização e o combate ao sedentarismo dos domingos caseiros, bem como a visita de locais absolutamente terapêuticos para a mente e exercitantes para o corpo.

É esta a amplitude dos nossos encontros domingueiros, muito para além do protagonismo via rádio ou das imagens nas redes sociais que objetivam tão somente atrair mais praticantes das radiocomunicações nas diferentes modalidades.

A “xenofobismo” com que as Associações de Radioamadores olham para a APROSOC – Associação de Proteção Civil, todas elas sem exceção, por verem surgir outras opiniões e ações no âmbito das radiocomunicações, que resultam tão somente por um lado da improficuidades dessas Associações nas comunicações de emergência e, por outro, no facto de para se emitirem opiniões sobre radiocomunicações emergêncistas não bastar ser-se radioamador, mas sim ter conhecimento de causa no âmbito do Sistema Nacional de Proteção Civil ou, bem distinto, no âmbito do Sistema Integrado de Operações de Proteção e Socorro, bem como no âmbito do Sistema de Gestão de Operações, sem prejuízo de uma visão mais abrangente no âmbito do sobrevivencialismo, fica a dever-se obviamente à ignorância nesses âmbitos pese embora o facto de em muitos casos serem inequivocamente especializados nas tecnologias de radiocomunicações.

Há até os que rejeitam qualquer relação em radiocomunicações e serviços de proteção civil e emergência, como se tal fosse possível no atual estado da arte da proteção civil ou das “legis artis” da emergência médica, pura ignorância.
A ignorância e a falta de argumentos válidos para aceitar o contraditório, impossibilita alguns de, com as suas diferenças, mas com o respeito inerente à educação individual e ao superior interesse público em causa, de reunir no sentido da partilha de saberes e conhecimento conducente à convergência de esforços para que, nas diferentes áreas técnico-científicas vocacionais surjam simbioses capazes de produzir soluções em prol da segurança coletiva dos cidadãos, quer seja no apoio aos serviços, quer essencialmente no apoio direto às populações, comunidades, famílias e cidadãos que possam beneficiar dessa ajuda, na justa medida das competências e capacidades instaladas em cada um e, na pluridisciplinaridade de competências reunidas em cada organização.
O bairrismo e clubismo enraizado na cultura portuguesa, é algo peculiar ao povo português e, impossibilitador da desejável cooperação, contudo, uma coisa é o que se passa entre organizações e, outra o que se passa e deve passar na nossa organização, sendo lamentável que, alguns dos que vestem várias camisolas, não sejam capazes de vestir também a camisola do superior interesse público por mais que isso signifique ir contra as correntes do politicamente correto e das palavras fofinhas cheias de hipocrisia daqueles que nada contribuem para o desenvolvimento sustentado das diferentes atividades em apreço e, tudo contribuem para a inércia e inépcia nessas atividades que se revelam improfícuas na sua ação.

A APROSOC só existe porque existe um vazio por preencher por parte dos serviços públicos e privados no âmbito das atividades estatutariamente prosseguidas por esta Associação e que a toadas e a todos os cidadãos e organizações dizem respeito.

Voltando ao tema inicial e para terminar, ainda que todos sejamos fãs do cantor Carlão, e até nos seja mais agradável “assobiar para o lado” face a toda a ausência de participação civil, e assim alimentarmos a regozijo daqueles que na sua ignorância nos vêm como os extra terrestres que teimam em colar radiocomunicações com proteção civil, seria pelo menos de esperar que, parafraseando mais um cantor, desta vez não da margem sul mas do norte “fosse mais o que nos une do que aquilo que nos separa” (Rui Veloso). É por isso que questiono a cada um em cada uma, quem está disponível para, no limite das suas disponibilidades, manifestar alguma vontade e apoio, através da sua presença nem que seja para ajudar a carregar uns rádios ou antenas, ou simplesmente participar no farnel partilhado, para os locais onde habitualmente nos deslocamos / desloco para em nome da APROSOC materializar atividades de radiocomunicações / sociais?
Mesmo para terminar, algum colega é capaz de me dar motivos para eu manter este sacrifício da vida familiar, tantas vezes solitário? Ou será mesmo melhor pôr um ponto final nesta atividade que tanta gente tem trazido às radiocomunicações e, tanto tem ajudado os cidadãos a estar mais e melhor preparados para os desastres tal como é desígnio dos fins estatutários da APROSOC?

Grato!