“RISCO ELEVADO DE INCÊNDIO EM ZONAS RURAIS VAI IMPEDIR PESSOAS DE SAÍREM DE CASA”

É a assunção do desnorte e distopia governativa no que à proteção é atinente.

Impedir as pessoas que residem em zonas rurais de sair de casa em caso de risco elevado de incêndio, é uma utopia visto que há postos territoriais da Guarda Nacional Republicada que não têm efetivos suficientes para controlar tais acessos e, por outro lado, é precisamente nas suas propriedades que surgem comportamentos de risco com as tradicionais churrascadas de verão que com a projeção de fagulhas incandescentes se iniciam incêndios.

É a assunção do falhanço das políticas de prevenção e mitigação implementadas até então, bem como da incapacidade de envolver os cidadãos na prevenção, para que os negócios da intervenção possam prosperar.

Há boas práticas localizadas e conducentes à redução significativa do número de focos de incêndio e área ardida, contudo, ao invés de replicar essas práticas em todo o país, a estrutura governamental aposta na supressão temporária dos mais elementares direitos, liberdades e garantias democráticas, como cegamente já se observou durante a “palérmia” COVID19 e constatou como inconstitucional.

Ao invés de consagrar a proteção civil como direito constitucional dos cidadãos e o seu envolvimento mais participativo nas atividades que lhes estão subjacentes, por exemplo através da obrigatoriedade das Unidades Locais de Proteção Civil e Planos Locais de Emergência em todas as freguesias, a desgovernação aposta em usar a mesma receita esperando resultados diferentes, a “Lei da rolha”, “a privação de liberdades” e, agora a acefalia governativa corroborativa da incapacidade governativa no que concerne às politicas de proteção civil mais profícuas para o país. Já em 2022 o sugerimos e, em 2023 reiteramos que se isto é tudo o que a cúpula da Administração Interna e, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil tem a oferecer ao país, então nada têm a oferecer ao país.

Há que envolver os fregueses nas suas Unidades Locais de Proteção Civil, aproveitar os seus saberes e complementar as suas skills e capacidades para prevenir o que é possível prevenir, mitigar o que não é possível evitar e intervir para socorrer e salvar , bem como recuperar.

Apesar de em muitas aldeias não ser à partida possível fazer muito devido à idade avançada dos seus habitantes, tal como os homens não se medem aos palmos, também as suas aptidões não se medem pela idade, sendo esta ausência de investimento  nas pessoas que em muitos casos daria um novo sentida à sua vida monótona e sedentária à espera da morte, num novo alento através das atividades de voluntariado de proteção civil que, cremos conducente a mais e melhores relações de proximidade entre vizinhos, bairros e aldeias, de modo convergente de forças também para a entreajuda quotidiana. Mais do que obras de monumentos e outros bens culturais supérfluos nas aldeias rurais, os cidadãos necessitam de segurança conducente à sua integridade física e dos seus bens.

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, tem excelentes técnicos e propostas de solução e, até a legislação  vigente contempla muitas dessas possibilidades, contudo, a razão técnica em Portugal não é suficiente para vencer a ignorância e/ou interesses político-partidários, não apenas no Governo Central, mas especialmente na Administração Local do Estado.