Arquivo anual: 2022

Portadores de Walkie-Talkies PMR446 em Algés, Miraflores, Linda-A-Velha, Cruz Quebrada, Dafundo e Carnaxide

Os walkie-talkies PMR446, constituem uma enorme vantagem para a entreajuda comunitária, possibilitando que vizinhos que não sabem o número de telefone uns dos outros, mas que possuem esses walkie-talkies sintonizados no canal em uso na zona, se socorram deste meio de comunicação para pedir ajuda ou socorro, ou mesmo para a disponibilizar face a emergências e outras situações tais como: cheias e inundações, incêndios, sismos, tornados, assaltos, resgate animal, auxilio à evacuação ou fazer chegar as compras a pessoa com mobilidade reduzida, violência doméstica, entre outras.

Esta forma de comunicação ganha especial relevo quando as telecomunicações de acesso público falham, como tantas vezes ocorre nos incêndios, tempestades e outros fenómenos.

Existem já em Portugal diversas comunidades organizadas através deste meio de radiocomunicação, algumas das quais com a ajuda da APROSOC – Associação de Proteção Civil, que mantem a determinação de prestar este contributo através do aconselhamento técnico, tanto na vertente das radiocomunicações quanto no âmbito da Proteção Civil.

Estamos atualmente empenhados em mais uma rede comunitária em PMR446, na sequência das cheias em Algés e, do facto de informalmente 5 e 5 cidadãos espalhados por Algés, Miraflores e Linda-A Velha terem mantido comunicação de acompanhamento da situação no dia 8 de Dezembro e no dia 13 de Dezembro de 2022 já eram 7, tendo a APROSOC em Carnaxide e posteriormente em Algés estabelecido contacto com aqueles utilizadores de walkie-talkies que, já todos se conheciam de uma prática desportiva comum em que utilizam aquele meio de comunicação, ao que, na sequência desse contacto solicitaram ajuda à APROSOC para melhor conseguirem tirar proveito dos seus walkie-talkies em situações de emergência. Neste contexto, a APROSOC prontamente se disponibilizou para prestar aconselhamento, bem como ajudar a divulgar a iniciativa no sentido de contribuir para que este grupo cresça, aumentando assim a probabilidade de ajuda de boa vizinhança quando necessário. Assim sendo, na sequência do contacto de um dos interessados com a APROSOC, vimos por este meio, convidar os residentes em Algés, Miraflores, Linda-A-Velha, Cruz-Quebrada, Dafundo e Carnaxide, que assim o desejem e sejam detentores de Walkie-Talkies PMR446 com 16 canais e sub-tons, a entrar em contacto connosco, o que possibilitará a compatibilização dos seus walkie-talkies e assim colocar todos em contactos com todos, bem como beneficiarem do aconselhamento da APROSOC – Associação de Proteção Civil para o efeito.

A radiocomunicação em equipas voluntárias de proteção civil

*Equipamentos*

Os equipamentos devem ser selecionados em função das características do operador, não existe o melhor equipamento nem o bom equipamento, na maioria dos casos o equipamento passa de medíocre a bom para o seu operador após alguns ajustes, contudo, alguns equipamentos dificultam esse ajuste.

No caso de equipamentos com antena instalada em viaturas ou edifícios, também a antena deve ser selecionada em função do local de instalação, tendo em conta o seu ganho, lóbulo de radiação horizontal e angulo de fogo ou lóbulo de radiação vertical, sem esquecer a importância de uma baixada de baixas perdas.

*Operação*

Incluir voluntários em operações de socorro que não estão totalmente familiarizados com as características e funções do seu equipamento de radiocomunicação pode ser um problema, contudo, se esses operadores não tiverem passado por uma formação de rádio operação, ainda que até tenham certificado de amador nacional (radioamador), serão muito provavelmente um obstáculo à fluidez do tráfego de radiocomunicações, gerando constrangimentos às operações.

*Exemplo*

Durante a noite da inundação de Algés 5 utilizadores de walkie-talkies PMR446 (quase todos vizinhos numa área de 1Km) que por serem praticantes de uma modalidade desportiva em que usam walkie-talkies (comprados na loja onde compram e reparam as suas bicicletas) tem por hábito comunicar no mesmo canal, mantiveram atualizado o ponto de situação entre Miraflores e Algés, contudo, devido à ausência de formação em procedimentos radiotelefónicos, a articulação entre os mesmos ou mesmo a nossa articulação com eles era muito pouco eficiente, atendendo ao facto de não cumprirem procedimentos radiotelefónicos e se sobreporem uns aos outros, ou mesmo de monopolizarem o canal não por mal, mas porque não estavam formados, treinados e preparados. Ainda assim foi útil a informação e possibilitou por exemplo compreender as vias por onde não se devia arriscar passar, mas, poderia ter sido ainda mais útil, se para isso tivessem tido duas ou três horas de formação sobre rádio operação. Não podemos deixar de agradecer o empenho e dedicação denotada, bem como colocar-nos à disposição para os integrar num das nossas ações de formação sobre rádio operação, basta que nos contactem, até mesmo no canal habitual. 

*Analogia*

O mesmo se passa com os voluntários da APROSOC que, se quando têm formação, mas passam muito tempo sem treinar e vão para um teatro de operações já comprometem a eficácia da comunicação e por inerência a segurança, quando não têm nem formação nem treino se tiverem um rádio na mão podem colocar em risco toda a operação. Talvez por esse motivo na maioria dos casos não sejam mobilizados ou sequer tomem conhecimento de que houve uma mobilização ou, simplesmente sejam mobilizados para funções auxiliares quando poderiam ter tido um papel no âmbito das suas demais competências.

APROSOC acusa Governo de corresponsabilidade na dimensão de catástrofes futuras

Desde pelo menos 2010 que a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, e desde 2011 por parte da atual APROSOC que, o governo recebeu recomendações para implementar os avisos por difusão celular às populações em perigo, recomendações ignoradas e das quais podem ter resultado inúmeras mortes.

Outros países europeus ativaram recentemente remotamente a difusão celular (cell broadcast) nos smartphones de todos os cidadãos, após em articulação com os operadores de telecomunicações terem ativado esta tecnologia em todas as redes móveis. No caso da Alemanha, esta iniciativa surgiu na sequência do facto de em cheias e inundações recentes, terem concluído que o envio de avisos por sms  terá contribuído para a dimensão dos prejuízos materiais e mesmo para algumas das mortes ocorridas em pessoas que não foram avisadas ou que o aviso por SMS chegou tarde demais.

Uma cidadã portuguesa imigrante na Alemanha e Associada da APROSOC – Associação de Proteção Civil, constatou há dias que as suas definições de receção de alertas por difusão celular foi remotamente ativada, esta nossa Associada manifesta-se agradada  com o facto por contribuir para a sua segurança e dos seus, bem como de todos.

O Governo Português poderia ter aproveitado o Plano de Recuperação e Resiliência para complementar o investimento que falta para que a cell broadcast seja uma realidade em Portugal, a aquisição de consolas de envio para a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, ou invés disso optou por um conjunto de outros investimentos importantes mas não tão prioritários quanto a segurança coletiva dos cidadãos, facto que só podemos lamentar.

IPMA sem condições técnicas para cumprir a sua missão

Ex.mos Senhores 

 
As falhas dos radares a que recorre o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) têm sido frequentes e têm condicionado gravemente a análise meteorológica e previsão de efeitos, tal facto gerou inúmeras críticas de meteorologias amadores nas redes sociais, as quais por sua vez resultaram na seguinte reação por parte da empresa nacional de meteorologia “BestWeather” e cujo texto que subscrevemos na íntegra seguidamente se reproduz na íntegra…
“Antes de caírem em cima dos profissionais, nossos colegas do IPMA, devido aos problemas dos radares, ponderem criticar quem não investe em tecnologia, ciência e infraestruturas críticas para a segurança pública neste país.
Critiquem quem, depois de vários anos com melhoria gradual da cobertura por radar, não gerou condições para uma integração com os outros elementos da Proteção Civil, de forma a garantir flexibilidade e eficiência no lançamento de avisos em nowcasting/curto prazo.
Sem uma rede integrada entre a componente técnica da meteorologia/nowcasting/analistas de radar e as plataformas que gerem os avisos e os comunicam à população e meios, ter radares ou não é quase o mesmo.
A forma como são feitos os avisos também tem de mudar, há hoje em dia ferramentas que podem tornar o processo muito mais automático, rápido e direcionado à escala espacial, por povoações/freguesias.
Por fim, a situação meteorológica de hoje não era particularmente difícil de prever e mesmo em regime de nowcasting, com a utilização dos produtos de satélite, poderiam ter sido feitos os avisos com maior antecedência mesmo com o radar em baixo. O radar não é a única ferramenta que existe para análise em tempo quase real.
Em suma, temos um país mal preparado para situações de emergência e temos muito pouca capacidade de resistir a fenómenos mais adversos, sejam eles meteorológicos ou outros riscos ambientais. É tempo de mudar esta realidade.” Fonte: https://www.facebook.com/bestweather.pt/photos/a.475703702603661/2311329369041076

APROSOC | PREVENÇÃO E PREPARAÇÃO EMERGENCISTA E SOBREVIVENCIALISTA

Sismos, tsunamis, tempestades, pandemias, terrorismo, inundações, cheias, grandes incêndios, acidentes siderais, acidentes antrópicos, … Estes acidentes graves ou catástrofes podem ocorrer sem aviso prévio e por isso apanharmo-nos desprevenidos, afetando uma pequena comunidade, uma região ou mesmo a totalidade do território nacional ou mais ainda.

 

As suas consequências são frequentemente devastadoras, deixando um rasto de destruição e morte ou, pessoas ou mesmo famílias inteiras com a vida irremediavelmente destruída pela perda dos seus bens, fontes de rendimento e teto.

 

As previsões anunciam que os desastres vão ser cada vez mais frequentes e os seus efeitos mais intensos, também por força das alterações climáticas e aumento das vulnerabilidades das populações devidas a fatores demográficos, culturais e sociais.

 

Quando os acidentes graves ou catástrofes ocorrem, os serviços de emergência médica, bombeiros e forças de segurança, estão na segunda linha de reação logo após os cidadãos. No entanto, frequentemente a capacidade de resposta se esgota face ao número de vítimas, ficando muitas delas à mercê da própria sorte, podendo acabar por ser vítimas da própria impreparação e, muitas delas não serem salvas.

 

Face a estas evidências, a APROSOC tem vindo a apostar em atividades de prevenção e preparação dos cidadãos para emergências, acidentes graves ou catástrofes, no sentido de tanto quanto possível mitigar os efeitos funestos dessas situações através de uma ação rápida e eficaz dos cidadãos que constituem a primeira resposta de proteção civil, mesmo antes de quaisquer ação dos serviços de emergência e proteção civil e que, precisamente por isso importa preparar para prevenir, mitigar, alertar, socorrer, e recuperar.

 

Nesse sentido estamos organizados para as seguintes valências:

  • Sensibilização, Formação e Educação dos cidadãos sobre os perigos, vulnerabilidades e recomendações de autoproteção, pré-socorro e salvamento, desejavelmente conducente a um aumento da segurança coletiva através da mitigação das suas vulnerabilidades nas emergências, no sentido de fazerem parte da solução ao invés de fazerem parte do problema. Esta ação, para além da formação, faz-se também através da consciencialização do público em geral sobre a frequência dos acontecimentos e suas consequências negativas na sociedade, promovendo assim uma reflexão contínua sobre os eventos de desastre na simultaneidade da constante procura de viver o que a vida tem de melhor, sempre preparados para o pior.
  • Formação especializada de equipas de voluntários, capacitando-os com skills que lhes permitem agir quando necessário em harmonia com as guidelines emanadas da comunidade científica.
  • Dotar a APROSOC de um Fundo de Emergência, como reserva de recursos financeiros sem outra afetação especial que não a da aplicação imediata em casos de emergência face a situações de acidente grave ou catástrofe, posteriormente renovado através dos apelos para donativos.

SERVIÇO DE AMBULÂNCIAS DE EMERGÊNCIA COLAPSADO

Ex.mos Senhores,

As denúncias e relatos de  tripulantes de ambulância que chegam ao conhecimento desta Associação, denunciam o colapso total do sistema nacional de ambulâncias de emergência.

Os relatos são os mais diversos, desde ambulâncias do concelho de Loures ativadas para o distrito de Setúbal, percursos de ambulância superiores a por vezes 40 minutos para chegar à vítima assistida, vítimas que esperam mais de uma hora por ambulância, por vezes reunindo critérios de gravidade, entre outras situações impróprias de um país dito desenvolvido.

O agravamento da situação tem infelizmente evoluído negativamente e, a teimosia governativa de não reforçar o sistema nacional de ambulâncias de emergência com as existentes em empresas de ambulâncias privadas, a par do insuficiente investimento no parque de ambulâncias, bem como a ausência de uma verdadeira carreira para as tripulações de ambulância independentemente da entidade para quem prestam serviço e a ausência de contrato coletivo de trabalho a par da inadequação da formação disponibilizada aos tripulantes de ambulâncias do sector associativo (Corporações de Bombeiros e, Cruz Vermelha Portuguesa), são alguns da vasta lista de ingredientes que levam aqueles profissionais a  considerar a falta de condições que dignifiquem a atividade profissional, a uma total desmotivação e abandono da atividade, de que resulta a frequente inoperacionalidade de meios, bem como o não aumento do investimento em mais meios operacionais de socorro por parte essencialmente dos operadores privados do sector social.

Não existe distinção salarial ou outra compensação para um tripulante de ambulância que investe mais na sua formação e presta um serviço mais diferenciado e, na maioria dos casos esse acréscimo de formação não se traduz na autorização necessária para colocar em prática mais das suas competências.

A solução criada pelo governo de disponibilizar aos técnicos do INEM mais formação do que aos das demais entidades integrantes do sistema integrado de emergência médica, fez com que aqueles se sentissem tripulantes de terceira categoria, quando muitos investiram na sua formação e até possuem mais competências. Tal situação gerou uma incomensurável indignação desmotivadora, tendo levado muitos a abandonar a profissão mesmo em corporações de Bombeiros e unidades da Cruz Vermelha.

Os relatos diários a que a APROSOC tem acesso denotam um desnorte governativo total e uma total ausência de consciência da situação da qual não temos dúvidas que resultam um incomensurável sofrimento para muitas vítimas, bem como o aumento da taxa de mortalidade precoce em Portugal.

A indignação das tripulações de ambulâncias em relação aos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM, é uma constante e os relatos são que frequente desvalorização das competências instaladas nas tripulações de ambulâncias, sendo inúmeras vezes tratadas como meros maqueiros.

A continuidade da não dignificação da profissão de tripulante de ambulância e o fosso de condições criado entre Tripulantes de Ambulância de Socorro das entidades Associativas e em alguns casos municipais e, os Técnicos de Emergência Pré Hospitalar, são o ingrediente perfeito para a redução massiva do número de operacionais nas ambulâncias e aumento dos tempos de espera que já ultrapassam quotidianamente por vezes mais de uma hora, o que, inevitavelmente, aumenta a morbilidade e mortalidade em Portugal e se tenta justificar na totalidade com a pandemia.

As tripulações de ambulância, que tanto contribuem para salvar vidas, sentem-se injustiçadas pelas políticas governativas, desamparadas socialmente e discriminadas em relação a outras classes profissionais com menor responsabilidade e não de vital importância, que urge analisar seriamente como nunca foi feito e sem argumentos de clara tentativa de evitar o inevitável.

Fazer limpezas domésticas, sem a mesma responsabilidade das vidas postas nas mãos das tripulações de ambulância, é melhor remunerado e mais compensador do que arriscar a vida por entre o trânsito e ambientes por vezes inóspitos ou hostis para tentar salvar uma pessoa desconhecida.

Para a APROSOC – Associação de Proteção Civil, esta situação reflete uma total falta de respeito por estes profissionais e, infelizmente temos de voltar a existência de interesses instalados nas entidades empregadoras destes tripulantes, já que são explorados tanto no sector público como privado, para que outros tenham certas mordomias ou o lucro do seu suor e lágrimas seja investido em meios materiais por vezes supérfluos.

“Conluios cartelizados” (como lhe chamam nas ruas) entre representantes dos operadores privados do setor associativo social e o Ministério da Saúde, têm ao longo dos anos assegurado o monopólio das corporações de Bombeiros e Cruz Vermelha Portuguesa no transporte de doentes urgentes, nunca tendo existido investigação a este facto de que resulta morbilidade e mortalidade precoce e evitável, já que daí resulta o afastamento de operadores privados empresariais que podiam reforçar complementarmente o sistema existente e alterar significativamente o atual paradigma. A cada dia que passa na vigência desta negociata, o sofrimento humano, a morbilidade e a mortalidade crescem no nosso país, tudo para alimentar entidades pouco eficientes e com custos operacionais pornográficos quando comparados com os de uma empresa bem gerida.

As tripulações das ambulâncias merecem mais respeito por parte do Governo, se é que se pode considerar que existe algum respeito. A formação Técnico de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH) deve ser disponibilizada a todos os tripulantes de ambulâncias para que não existam doentes e sinistrados de 1ª, 2ª e 3ª categoria.

Sem concorrência do setor privado no transporte de doentes urgentes e emergentes não é expectável desenvolvimento da qualidade dos serviços prestados e, cremos mesmo que a redação do Regulamento do Transporte de Doentes. Portaria n.º 260/2014 é contrária à legislação da livre concorrência.

O governo é em nossa convicção responsável por sofrimento, morbilidade e mortalidade precoce e evitável.

A Estrela da Vida em Portugal é “negra”, não azul.

Uso ilícito de equipamentos de radiocomunicações

Sem alarmismos e sem crispações, trata-se somente de uma informação para não ser surpreendido por desconhecimento.
A posse não é ilegal desde que não se destine a usar e, o uso em situações de emergência em que dessa comunicação dependa a salvaguarda de vidas ou bens também não é punível, mas o uso em quaisquer frequências sem a necessária habilitação legal para o seu uso é punível por lei.

Se tem equipamentos de radioamador e não é radioamador, ofereça-os a uma Associação ou pessoa legalmente habilitada ou, solicite ajuda a um técnico especializado para lhe o programar para ter como reserva somente para situações de catástrofe caótica. Importa que a frequência a usar não comprometa a segurança nacional ou os serviços essenciais do Estado.

Qualquer frequência usada em equipamentos que não os dispensados de licença, deve previamente ser autorizada pela ANACOM e, a programação de equipamentos para situações de catástrofe caótica entra num regime de exceção que não possibilita o uso legal desses equipamentos para atividades quotidianas ou de lazer.

O facto dos cidadãos crerem que lá porque está disponível facilmente em lojas online na internet, não tem problema de usar, não é desculpa para a utilização ilegal.

Que equipamentos de radiocomunicações podem os comuns cidadãos utilizar sem necessidade de licença ou sujeição a qualquer taxa de utilização?

Por desconhecimento milhares de utilizadores usam equipamentos de radioamador em frequências que não sabem a quem estão atribuídas e que vão desde as do serviço de amador em que para lá estar é necessário realizar um exame de radioamador na ANACOM, passando por frequências militares por exemplo entre 118 a 144 MHz, 146 a 150 MHz, na banda marítima entre 156 a 162MHz ou mesmo nas frequências de proteção civil entre 168 e 174MHz, entre tantas outras atribuídas a entidades públicas ou privadas e, sendo que estas últimas pagam licença para as poderem utilizar desejavelmente sem licença.

Os grupos que atualmente mais usam equipamentos de radioamador de forma ilegal são sem dúvida os praticantes de todo-o-terreno, seguidos dos praticantes de comunicações na faixa dos equipamentos PMR446 nomeadamente os praticantes de airsoft ou paintball, mas existem muitos outros.

Muitos confundem o facto de determinados equipamentos com determinadas características poderem operar em determinadas frequências e por isso serem considerados de uso livre, nomeadamente a limitação de potência e o facto de em alguns casos terem antena integrada (inamovível) podendo mesmo ter de ter alimentação integrada e serem portáteis de mão, com a utilização de outros equipamentos não certificados para esse fim por não possuírem essas características, apesar de poderem operar nas mesmas frequências.

O facto de tais equipamentos se encontrarem à venda em lojas on-line e a valores por vezes muito simpáticos torna-os muito apetecíveis e dai a utilização ilegal em massa, contudo, também encontramos em lojas on-line objetos classificados em Portugal como armas brancas, não sendo o facto de serem de fácil aquisição legitimador para a posse ou uso, estando aqui, portanto em causa questões de ética, um dos valores educacionais que cada cidadão ou tem ou não tem. Por exemplo, sabemos que a violência e os assaltos e furtos são muito frequentes, contudo isso não os torna legais

Façamos então um touring pelo espectro de equipamentos que os cidadãos podem utilizar livremente:

Serviço rádio pessoal CB (citizens band)
40 canais entre 26.965 a 27.405 MHz, operável com 4W em AM ou FM e 12W em LSB ou USB.
Pode ser instalado em estação fixa, ou em viatura com antena exterior, ou mesmo ser usado em equipamentos portáteis de mão.
O alcance pode várias entre algumas dezenas de metros a milhares de quilómetros, dependendo da orografia do terreno, tipo e localização da antena, bem como da sintonia pormenorizada da antena, já que uma antena não afinada e por isso com elevadas ondas estacionárias pode perder até 90% da potência emitida, bem como danificar a etapa final de amplificação de radiofrequência do rádio emissor-recetor (transcetor).

PMR446 (personal mobile radio)

Em modo analógico disponibiliza 16 canais e em modo digital até 32 canais, entre 446.1 e 446.2 MHz, com antena integrada e por isso não amovível, bem como devendo ser equipamentos portáteis de mão e, não podendo exceder 0,5W de potência aparente radiada (P.A.R.). O alcance chega a ser surpreendente em função da orografia do terreno e vai desde algumas dezenas de metros a alguns quilómetros, contudo, por vezes em cotas elevadas consegue alcançar centenas de quilómetros.

LPD433 (low power device)
Disponibilizam até 69 canais entre 433.075 a 434.775MHz, portanto dentro da faixa de UHF baixo de radioamador, na condição de não poderem exceder 10mW de P.A.R. e possuírem antena integrada.
O alcance destes equipamentos cujo consumo devido à baixa potência é diminuto e por isso apresentam geralmente maior autonomia de bateria, é geralmente na ordem de alguns metros a centenas de metros, não sendo contudo inédito que a cotas elevadas alcance dezenas ou mesmo uma centena de quilómetros.

SRD (short range device)

Estão disponíveis em transcetores em modo digital em frequências acima de 1Ghz e em modo analógico/digital em 860 MHz, as suas potências variam entre 5 a 100mW e os alcances dependendo dos obstáculos possibilitam comunicação de voz e dados até algumas centenas de metros. Atendendo à frequência elevada, são particularmente uteis para comunicar dentro de edifícios, conseguindo alcances no interior difíceis de alcançar com os demais equipamentos de uso livre. Por terem um alcance limitado, não perturbam comunicações nas imediações aumentando também por isso a confidencialidade das comunicações, sendo ainda que, por exemplo no caso dos Motorola DTR2450 ou 2430, possuem encriptação que confere maior confidencialidade às comunicações já de si mais seguras por se processarem em modo digital.
A tendência é de aumento das faixas disponibilizadas para equipamentos SRD, existindo já em outras faixas de frequências.

Em todos os casos o adquirente deve assegurar que o equipamento que adquire está certificado para uso isento de licença na união europeia em geral e no seu país em concreto, evitando assim surpresas desagradáveis de apreensão e aplicação de coima, para isso pode sempre solicitar esclarecimentos à ANACOM – Autoridade Nacional de Comunicações, ou a uma empresa ou associação credível e especializada.

Importa ainda referir que, embora desvirtuado da sua génese, o radioamadorismo está ao alcance de todos, pois o exame técnico efetuado na ANACOM é facílimo e embora não prepare ninguém para a correta utilização técnica ou mesmo para o cumprimento dos procedimentos radiotelefónicos, legitima-o para ser legítimo detentor de equipamentos de radioamador, bem como para comunicar com outros radioamadores, em muitas mais faixas de frequências, com potências muito superiores e avançando distâncias desde algumas centenas de metros a alguns milhões de quilómetros tanto através de estações terrestres como através de estações no espaço. O radioamadorismo é um hobbie técnico-científico e o seu uso para comunicações de natureza diferente é uma mutação da sua génese resultante do efeito de contágio pela presença daqueles que transitaram para o radioamadorismo oriundos das radiocomunicações cidadãs e que, não distinguem as diferentes  finalidades das radiocomunicações cidadãs e do radioamadorismo, levando essa ignorância à decadência do radioamadorismo que se assemelha cada vez mais ao que de pior as radiocomunicações cidadãs têm. Ainda assim, é possível encontrar no radioamadorismo pessoas e grupos de pessoas cuja génese e objetivos mais puros do radioamadorismo lhes está intrínseca, continuando por isso, para quem se interessa pela técnica, ciência, ou até mesmo numa vertente mais emergêncista em que o radioamadorismo também fez história, a justificar fazer exame de radioamador e, após isso selecionar os grupos em que se insere, os da “bimbalhice” em frequências de radioamador, os da técnica, ciência com elevados valores éticos e morais, ou os emergêncistas que recorrem ao radioamadorismo somente para auxiliar alguém em situações de emergência, ou mesmo em alguns segmentos ou todo esse espectro de utilização das frequências de radioamador.

 

Associações, clubes e grupos de radiocomunicações cidadãs e / ou amadoras

Cada cidadão tem os seus gostos e modos de vida, resultantes essencialmente da sua educação, vivências e, há quem diga que também influenciado pela genética. No que respeita à radiodifusão ou televisão, cada um de nós identifica-se mais com determinadas estações que com outras fazendo isso parte da natureza humana e, estando mesmo constitucionalmente consagrado. Não obstante a isto, o ouvinte ou telespectador, são influenciáveis por diferentes estratégias que visam essencialmente o lucro dos investidores através do facto que mais influencia os contratos de publicidade, as audiências.

Nas radiocomunicações cidadãs (CB27, PMR446, LPD433,…), ou nas Amadoras, o que se passa não é muito diferente, as Associações procuram cativar mais Associados através dos seus programas de atividades. No caso dos grupos informais e também dos clandestinos, tentam competir com as Associações não através do cumprimento das obrigações legais, mas sim do que lhes possibilita maior notoriedade e mais seguidores.

Com exceção dos grupos clandestinos que funcionam à margem da Lei e assim representam a marginalidade nas radiocomunicações, tudo o resto é natural na vida em sociedade, sendo a concorrência desejável e geradora de desenvolvimento, mesmo que isso represente a extinção de algumas organizações e surgimento de outras, é a “Lei da livre concorrência”.

Não pode considera-se, contudo, que o desenvolvimento da clandestinidade fomentado pela ausência de ética e moralidade das organizações clandestinas, possa ser aceite como desenvolvimento salutar à concorrência, tal como não pode considerar-se que os assaltos são bons porque são geradores de desenvolvimento na indústria da segurança.

Voltando-nos a focar no público, é natural e desejável que cada radioperador ou radioamador opte por se juntar à Associação com que mais se identifica, ou seja que está mais próxima da sua identidade. Tal como numa estação de radiodifusão, os temas dos programas, os estilos musicais prendem uns e afastam outros, numa Associação de Radiocomunicações Cidadãs e/ou Amadoras, cada um avalia o quão próximas e interessantes as atividades desenvolvidas suscitam o seu interesse e participação.

Há por isso organizações no âmbito das radiocomunicações para todos os gostos, até mesmo para quem não pratica atividade nenhuma, mas apenas quer apoiar e fazer parte de um movimento populista.

No mundo quotidiano as mutações sociológicas surgem a uma velocidade alucinante e, o mundo das radiocomunicações não é imune a essas mutações, existindo organizações éticas, organizações que aliam o elevado valor técnico e/ou mesmo científico, as que somente desenvolvem atividade lúdica, as que são geradoras de desenvolvimento seja ele técnico e/ou de boas práticas, bem como, infelizmente as que potenciam a ilegalidade e as práticas funestas ao interesse público.

A APROSOC, não sendo uma Associação de radioamadores (por opção), mas sendo também uma Associação para as radiocomunicações, tem uma identidade própria e marcada por valores éticos, conservadora das boas práticas técnicas e da legalidade, não se coadunando com o oposto, dai não ser tão popular quanto outras até porque, a popularidade não é um valor merecedor da atenção de quem dirige esta Associação. Prezamos mais valores como os da reciprocidade, fidelidade, humanidade, amizade fraterna, ajuda de proximidade, legalidade, ética e boas práticas. Nestas não se enquadram a Lei do mais forte, nem os Watts de potência que o dinheiro pode comprar. Porque acreditamos que, entre o que os limites da vida em sociedade nos possibilitam e, os limites que o dinheiro pode comprar, existe a barreira da ética e da legalidade.

Por exemplo, nada há de ético e, muito menos de legal, no uso de um equipamento de radioamador em CB, embora este seja o sonho de muito utilizadores do CB, a prática de muitos radioamadores e, a pratica mais comum nos que não são radioamadores, mas têm capacidade económica para isso.

Nada há de correto em se passar por um processo de exame para radioamador, que deveria distinguir esse dos demais usufrutuários das radiocomunicações e, não coloca em prática os mais elementares procedimentos radiotelefónicos.

Nada há de amigável em abafar a receção de um vizinho seja lá em que banda for pelo efeito de blocking resultando da potência excessiva ou mesmo pelo espalhamento da largura de banda.

Para a maioria está tudo bem e nada há de errado nestas práticas que, contudo, no mínimo não são éticas, seguramente não são cordiais e eventualmente não serão legais. Deveria, eventualmente nisto, que o ser dito humano se deveria distinguir dos demais animais, ou não! Claro está, na opinião do Presidente da Direção desta humilde Associação.

João Paulo Saraiva

Artigo de opinião: sobre o “radioamadorismo” contemporêneo

Há dias um colega falou-me de uns QSOs pela manhã no repetidor de VHF da Arrábida e, como raramente frequento repetidores, mas fiquei curioso, lá fui eu no dia seguinte ver se me identificava com os QSOs para eventualmente participar. Infelizmente desiludi-me, pois, para ter QSOs daquela natureza não preciso ter Certificado de Amador Nacional, basta ter um CB ou um PMR446. É triste que alguém use frequências de radioamador como quem usa o CB ou o PMR446, com a agravante de que através do repetidor a mensagem chega mais longe e a mais pessoas.

Saudosos tempos em que só se podia falar de técnica nas frequências de radioamador, talvez por isso eu seja um radioamador que raramente usa as frequências de radioamador, porque de facto a cordialidade e o nível nos QSOs tem sofrido uma degradação com a qual não me identifico.

Certamente muitos ao ler isto estarão a pensar que bom, menos um esquisito com o palavreado verborreico que a malta usa, contudo, consciente disso, prefiro deixá-los vencer pela minha inação do que ser conivente com eles na sua ação.

Saudosos tempos da Direção dos Serviços Radioelétricos dos CTT, tinham mais poder, pedagogia e autoridade, do que aquilo a que hoje chamam de “AUTORIDADE NACIONAL DE COMUNICAÇÕES”!

O radioamadorismo não está a morrer, está bem vivo, foi invadido pela boçalidade sob o argumento dos direitos de igualdade. Um dia destes ainda exigem em noma da igualdade que todos sejam boçais porque a maioria o é e não o ser dá muito trabalho. Sorte a minha que não me restam muitos anos de vida para o constatar.

Os macanudos invadiram as frequências de radioamador e, no meu caso prefiro mesmo o CB e o PMR446 em grupos de comunicação com objetivos de interesse público e grupos de pessoas que embora reduzidos pautam pelo respeito, cordialidade, temas interessantes e úteis e, acima de tudo boas práticas nos procedimentos radiotelefónicos.

Não entendo bem por que raio se faz um exame para obtenção de um Certificado de Amador Nacional, quando na prática nem procedimentos radiotelefónicos cumprem, limitam-se a usar eletrodomésticos que nem sequer são capazes de programar ou ajustar adequadamente em função das guide lines internacionais e, ao invés de propagarem pelo mundo a língua de Camões, propagam uma espécie de parolice cebeistica a que certos dirigentes de Associações e grupos de radioamadores aderem com muita naturalidade.

De facto, a Constituição da República Portuguesa, consagra no seu artigo 37.º a Liberdade de Expressão e Pensamento, mas, será que isso significa que em breve qualquer cidadão em nome da igualdade possa usar as frequências de radioamador sem sequer ter de fazer exame que na realidade em nada valida conhecimentos adquiridos e proficuidade instalada na operação?

Que o criador me leve antes que tal aconteça, porque os novos valores não podem significar a perda de valores.

Continuo a apoiar amigos a entrar no radioamadorismo, mas sempre pautarei por lhes transmitir os valores que distinguem as pessoas de bem dos grunhos, sem prejuízo de desenvolver continuamente ações conducentes a dar a oportunidade aos cidadãos mais desfavorecidos no acesso ao conhecimento e aos nobres valores na génese do radioamadorismo, mas, repudiando por completo que quem não aceite essa doutrina alimente o crescimento do vandalismo do radioamadorismo. Sei que aminha ação é praticamente inócua, mas, enquanto viver, quero fazê-lo de acordo com a minha consciência e com os valores que me foram transmitidos nomeadamente pela instituição militar.

João Paulo Saraiva
APROSOC 01 / Estação Duke todos os dias | CT1EBZ às vezes!

Discriminação de cidadãos portadores de deficiência auditiva

Ex.mos(as) Senhores(as)

Apesar dos reconhecidos esforços desenvolvidos no sentido de proporcionar igualdade de direitos aos cidadãos portadores de deficiência auditiva, tal ainda não é uma realidade em diversos aspetos, nomeadamente:

  1.  Os programas de entretenimento em português não são legendados em português.
  2. Nas radiocomunicações cidadãs, CB (citizens band) e PMR446 (personal mobile radio) a ausência de legislação permissiva ao uso de sistemas de comunicação escrita é outro constrangimento.
  3. O acesso gratuito à aprendizagem da Língua Gestual Portuguesa não está disponível em todo o país, discriminando os mais desfavorecidos.
  4. O programa de ajuda técnica suportado pelo SNS para implantes cocleares, ainda não considera a avaria uma urgência médica, incapacitante e geradora de incomensurável ansiedade. Estes cidadãos podem esperar dias ou meses até voltar a ter audição.
  5. Quem não tem capacidade económica para adquirir uma prótese auditiva é discriminado em relação a quem se submete à cirurgia de aplicação de implante coclear e, muitos cidadãos com implante coclear, necessitam complementarmente de prótese auditiva no outro ouvido. Contudo, o implante coclear (mais dispendioso) é suportado pelo SNS mas, a prótese auditiva (mais económica) não é suportada pelo SNS, o que faz muitas vezes que quem na realidade até poderia viver com prótese auditiva, acaba forçado a fazer um implante coclear, por não ter capacidade económica para adquirir a prótese auditiva (amplificador de áudio com programação de sobreposição de frequências). Ou seja, por vezes o SNS suporta mais de 20.000€ num implante, quando poderia suportar cerca de 1000.00€ numa prótese auditiva. Há mesmo uma certa pressão sobre alguns deficientes auditivos para a realização do implante coclear, assim como se existissem porventura interesses instalados neste negócio em torno de aparelhos com um custo de produção que não chega a 80€, mas que o mercado valores pornográficos por alegadamente ser o custo associado ao desenvolvimento científico e patentes.

Não podemos esquecer que, apesar de muito ter sido feito para mitigar estes constrangimentos, os cidadãos com deficiência auditiva não têm o mesmo acesso às recomendações de autoproteção no que à proteção civil é atinente, são discriminados em várias formas de aviso e alerta e, têm graves constrangimentos na comunicação com os serviços de emergência, bem como com os serviços municipais de proteção civil ou mesmo com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.

Entendemos por isso, neste dia da Língua Gestual Portuguesa, deixar à apreciação de V. exas., este convite à reflexão que se deseja conducente a ações mitigadoras desta forma de discriminação.

João Paulo Saraiva
Presidente da Direção