A radiocomunicação em equipas voluntárias de proteção civil

*Equipamentos*

Os equipamentos devem ser selecionados em função das características do operador, não existe o melhor equipamento nem o bom equipamento, na maioria dos casos o equipamento passa de medíocre a bom para o seu operador após alguns ajustes, contudo, alguns equipamentos dificultam esse ajuste.

No caso de equipamentos com antena instalada em viaturas ou edifícios, também a antena deve ser selecionada em função do local de instalação, tendo em conta o seu ganho, lóbulo de radiação horizontal e angulo de fogo ou lóbulo de radiação vertical, sem esquecer a importância de uma baixada de baixas perdas.

*Operação*

Incluir voluntários em operações de socorro que não estão totalmente familiarizados com as características e funções do seu equipamento de radiocomunicação pode ser um problema, contudo, se esses operadores não tiverem passado por uma formação de rádio operação, ainda que até tenham certificado de amador nacional (radioamador), serão muito provavelmente um obstáculo à fluidez do tráfego de radiocomunicações, gerando constrangimentos às operações.

*Exemplo*

Durante a noite da inundação de Algés 5 utilizadores de walkie-talkies PMR446 (quase todos vizinhos numa área de 1Km) que por serem praticantes de uma modalidade desportiva em que usam walkie-talkies (comprados na loja onde compram e reparam as suas bicicletas) tem por hábito comunicar no mesmo canal, mantiveram atualizado o ponto de situação entre Miraflores e Algés, contudo, devido à ausência de formação em procedimentos radiotelefónicos, a articulação entre os mesmos ou mesmo a nossa articulação com eles era muito pouco eficiente, atendendo ao facto de não cumprirem procedimentos radiotelefónicos e se sobreporem uns aos outros, ou mesmo de monopolizarem o canal não por mal, mas porque não estavam formados, treinados e preparados. Ainda assim foi útil a informação e possibilitou por exemplo compreender as vias por onde não se devia arriscar passar, mas, poderia ter sido ainda mais útil, se para isso tivessem tido duas ou três horas de formação sobre rádio operação. Não podemos deixar de agradecer o empenho e dedicação denotada, bem como colocar-nos à disposição para os integrar num das nossas ações de formação sobre rádio operação, basta que nos contactem, até mesmo no canal habitual. 

*Analogia*

O mesmo se passa com os voluntários da APROSOC que, se quando têm formação, mas passam muito tempo sem treinar e vão para um teatro de operações já comprometem a eficácia da comunicação e por inerência a segurança, quando não têm nem formação nem treino se tiverem um rádio na mão podem colocar em risco toda a operação. Talvez por esse motivo na maioria dos casos não sejam mobilizados ou sequer tomem conhecimento de que houve uma mobilização ou, simplesmente sejam mobilizados para funções auxiliares quando poderiam ter tido um papel no âmbito das suas demais competências.