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CARTA ABERTA ENVIADA À ANACOM

Ex.mos Senhores, ANACOM – Autoridade Nacional de Comunicações

Na sequência de uma publicação do Radioamador CT1DYT na Internet, que dá conta da conclusão dessa autoridade sobre a ação de fiscalização alegadamente efetuada por inspetores da ANACOM, vem esta Associação manifestar-se nos termos e pelos factos seguintes:

1.      Temos algumas dúvidas de que tal ação inspetiva por parte da ANACOM tenha ocorrido, já que a ter ocorrido o alegado e-mail em anexo seria um atestado de incompetência, já que, a estação do serviço radio pessoal CB ali instalada, está conectada a equipamentos não certificados para o efeito e, embora o utilizador seja radioamador e possa efetuar experiências técnicas e científicas, o Serviço Rádio Pessoal CB (citizens band) não tem prevista essa possibilidade, nem tão pouco o uso de estações automáticas;

2.      A estação automática instalada na residência habitual do radioamador acima identificado, transmite automaticamente de meia em meia hora, aparentemente sem limitação de tempo de emissão contínua e, sem verificar se o canal está ocupado, sobrepondo-se assim a quem legitimamente esteja a usar o canal quando a referida emissão automática vai para o ar;

3.      Creem os autores do projeto que, a existência de tal dispositivo é sobejamente conhecida de todos, os que vem do norte ou sul e se deparam com a sobreposição de uma estação automática em canal 3 AM, ou mesmo do estrangeiro e se deparam com o mesmo constrangimento;

4.      Os responsáveis do projeto em causa, argumentam ainda que estão no seu pleno direito e que a ANACOM não vê ilícito ou ilegalidade na referida estação.

Pelos factos aqui relatados, vêm esta Associação no exercício dos seus deveres coletivos de cidadania, solicitar a essa Autoridade que se digne de esclarecer o seguinte:

1.      Confirma a ANACOM ter efetuado a ação inspetiva em causa e, ter concluído a não existência de qualquer irregularidade ou ilegalidade?

2.      Em caso de resposta afirmativa à questão anterior, o que pensa a ANACOM do facto de esta prática poder ser replicada por outros utilizadores como acontece por exemplo na iniciativa do CT1EON em canal 27 com estação aparentemente instalada em Aldeia de Juzo – Cascais na residência de outro radioamador?

3.      Caso a APROSOC decida também instalar uma destas estações automáticas num qualquer canal com exceção do 9 e 11, beneficiará da mesma posição por parte dos serviços de fiscalização da ANACOM?

4.      Se a APROSOC decidir colocar uma estação automática no canal 3 ou canal 27 do serviço rádio pessoal CB, que regras regem a não sobreposição de transmissões?

5.      Aproveitamos a oportunidade para questionar igualmente sobre a legitimidade de operação de estações automáticas de transmissão em modos digitais, que não têm a capacidade de validar que o canal está livre e assim provocam sobreposição de emissão aos utilizadores que legitimamente estejam no momento a usar o canal?

Atualmente são já 5 os canais CB ocupados com estações automáticas (3 em fonia e 2 em modo digital), a somar ao 7 inutilizados localmente pelo sistema CONVEL com o apadrinhamento da inércia da ANACOM, a estes somam-se os  5 canais ocupados quase permanentemente por pessoas que reclamam propriedade que que interferem em estações a longa distância pelo facto de com o mesmo apadrinhamento por inércia da ANACOM e inépcia legislativa, usarem potências em muitos casos na ordem das centenas ou milhares de Watts.

 Somos obviamente conhecedores do facto do Serviço Rádio Pessoal CB não ter direito de proteção, mas somos igualmente conhecedores dos balizamentos das recomendações europeias e éticos, bem como dos princípios constitucionais deste alegado Estado de Direito, nomeadamente os plasmados no Artigo 13.º da Constituição da República Portuguesa, já que, a ser verdade que a ANACOM não vê ilegalidade no facto de uns por excesso de potência em circunstâncias normais, outros por uso de estações automáticas não possibilitarem a outros o usufruto dos canais em causa em igualdade de circunstâncias e, outros interferidos por sistemas PLC (power line communications), e outros parasitas eletrónicos geradores de ruído que torna impraticável a comunicação não só em CB como em frequências do Serviço de Amador e Amador por Satélite, estarmos antes de mais em nossa convicção perante uma clara violação de um direito constitucional, o que, caso se confirme nos forçará a recorrer a 1º comissão de assuntos parlamentares da Assembleia da República, bem como à Provedoria de Justiça e Procuradoria Geral da República, para cabal esclarecimento e eventual reposição da normalidade.

Ficamos assim a aguardar a prezada resposta de V.Exas,

Com os melhores cumprimentos e, votos de festas felizes, respeitosamente, 

João Paulo Saraiva

Presidente da Direção

Por vezes ficamos frustrados por não conseguir contactar alguém via rádio…

Artigo de opinião
Autor: João Saraiva

Por vezes as disponibilidades não coincidem e por isso mesmo localmente não conseguimos contactar ninguém, por isso todos os domingos de manhã onde quer que estejam os membros da Rede 73, ligam os seus rádios e tentam chamar, porque se ninguém tiver a iniciativa de chamar não há probabilidade de contacto. Fruto desta regularidade esporadicamente encontramos um vizinho e assim aumentamos a nossa lista de contactos locais.

Quanto às comunicações a maiores distâncias as frustrações também são frequentes, pois muitas vezes estamos a ouvir bem a outra estação e ela não nos responde e, para isso existem várias explicações possíveis, entre elas:

  • Tem o squelch (sistema de silenciamento de ruído natural da frequência) ou o ganho de RF muito fechado e por isso não recebe estações mais distantes;
  • Está a transmitir com potência superior aquela que estamos a utilizar;
  • A sensibilidade do recetor da outra estação é inferior à do seu recetor;
  • Está a operar equipamento portátil com antena reduzida;
  • Tem o equipamento portátil em posição desfavorável;
  • Tem uma fonte de interferência local ou distante que impossibilita a receção de outras estações distantes;
  • Está a transmitir com antena direcional em direção oposta;
  • A antena da outra estação tem mais ganho do que a sua;
  • Está a usar uma antena com características para comunicações locais;
  • Está em viatura e a direccionalidade da antena em relação à carroçaria da viatura dificulta a receção em determinada direção.

Existem assim diversas causas potenciadoras de episódios de frustração nas radiocomunicações, contudo, são essas desilusões que nos possibilitam valorizar as situações em que alcançamos melhores resultados, bem como são também elas que nos propiciam aprendizagem de algumas técnicas que eventualmente possibilitem ultrapassar alguns desses constrangimentos.

Tenha ainda em atenção que o problema nem sempre está do outro lado, uma antena desafinada pode provocar atenuação significativa na potência emitida pela sua estação e, se a relação de ondas estacionárias (potencia refletida para o emissor) for muito elevada, além de reduzir substancialmente o seu alcance pode danificar o transístor amplificador final de potência do seu rádio. Por outro lado, se as características do seu equipamento não se adequarem à sua tonalidade e nível de voz, embora chegue à outra estação a sua voz pode ser menos percetível ou mesmo impercetível, importando por isso ao adquirir um equipamento falar com um vendedor especializado que o saiba aconselhar sobre o equipamento mais adequado ao seu tipo de voz, bem como eventualmente propor-lhe ajustes de otimização do equipamento sem sair dos limites legais. Alguns equipamentos mais sofisticados possibilitam mesmo ao operador ajustar o ganho de microfone ou mesmo a tonalidade de áudio na emissão, sendo geralmente estes equipamentos também mais dispendiosos.

Outro comum fator de perturbação é o uso de eco, tanto próprio do espaço, como de dispositivos que o geram no seu equipamento rádio ou microfone acessório com eco, quando o eco é exagerado ou coincide com determinada sobreposição de frequências audíveis, a compreensibilidade é reduzida e por vezes mesmo anulada. Tenha sempre em conta que do outro lado pode estar alguém com problemas auditivos e por isso incapaz de descodificar determinadas tonalidades de voz, sendo o eco um constrangimento na comunicação que se pretende isenta de ruídos.

Associe-se numa Associação especializada em radiocomunicações e ajude a comunidade de amadores de rádio a desenvolver as suas atividades e a partilhar conhecimentos úteis.

www.aprosoc.pt

CB (citizens band) Banda do Cidadão, a aprendizagem e a desaprendizagem

Há duas correntes na banda do cidadão, a resultante do filme de 1978 que passou em Portugal com o nome “o comboio dos duros” (convoy) e que pauta pelo uso exagerado de um calão próprio do desrespeito pela autoridade do Estado e pela justiça popular, e a corrente mais assertiva e cordial originária na série televisiva que em Portugal conquistou adeptos com o nome  “os 3 Dukes” de seu nome original The Dukes of Hazzard, que pautava pela correção e diversão embora contendo algumas “divertidas” cenas de violência que para a época faziam parte da forma de fazer comédia, esta era de facto uma série de comédia para toda a família.
Entre o filme e série acima citados existiu ainda uma outra série “bandit”, também de comédia e contorno da autoridade do Estado, enquanto que a série os 3 dukes retratava essencialmente a desonestidade da autoridade do Estado para com o cidadãos, no caso num condado de um Estado dos Estados Unidos da America no final dos anos 70.

Em Portugal essas correntes perduram até aos dias de hoje, existindo canais CB onde geralmente operam maioritariamente aqueles que desafiam a autoridade do Estado com recurso a potências exageradas para compensar a ineficiência dos seus equipamentos, linhas de transmissão e antenas, usando geralmente um calão lesivo da língua materna, geralmente praticado por pessoas cujo grau de escolaridade e cultura é mais reduzido, sendo estes canais uma escola de desaprendizagem da correção de uso dos procedimentos radiotelefónicos mais profícuos, fazendo-se desses canais uma espécie de taberna onde se confraterniza sob a inebria das ondas de rádio, sendo esta a corrente “convoy”.

Mas a corrente “the dukes of hazzard” também está presente em muitos outros canais da CB onde se pauta pela educação e correta utilização da língua materna (da pátria mãe), procurando-se que a comunicação via rádio tenha tanto de divertida, até mesmo de comédia, quanto de técnica, científica, e por isso com outras aplicabilidades nomeadamente em emergências face a acidentes graves ou catástrofes, em tudo o que se relacione com a segurança e bem estar dos cidadãos.

Este artigo não pretende denegrir ou ofender quem quer que seja, somente situar as duas correntes genéticas do que observa em Portugal e também noutros cantos do mundo na banda do cidadão dos 27MHz, possibilitando desde logo a quem está a pensar entrar ou entrou recentemente neste hobbie, compreender que pode optar por uma das correntes, ou mesmo optar por ambas, uma espécie de bi-orientação hobista, ou divisão indecisa entre o certo e o errado (ética) geralmente atribuído ao não enquadramento civilizacional, vulgarmente atribuído aos estágios do Homem ante civilização.

Poder-se assim dizer em jeito de comédia que, quem está a pensar entrar no mundo do crime no sector público poderia escolher a Assembleia da República, e no sector privado certos canais da banda do cidadão, isto não quer dizer que os demais sejam todos meninos de coro, mas são esses outros que geralmente constroem a parte boa de um futuro melhor e mais sorridente para si, para os que os rodeiam e para toda uma nação.

Este é somente um texto em debate nos canais internos reservados aos Associados da APROSOC, a sua exposição pública pretende somente dar a conhecer um pouco do que se trata e retrata no seio destas Associações, pelo que não terá desenvolvimentos públicos.

“está na cópia / copiado” não é um procedimento radiotelefónico

O termo “está na cópia” é parte do calão da CB (citizens band), gerando frequentemente constrangimentos nas comunicações de emergência, já que divide os praticantes desse calão dos que utilizam procedimentos radiotelefónicos e para quem o termo “cópia” ou “copiar” tem subjacente um procedimento que não o correspondente ao termo em calão da CB.
Recomenda-se por isso aos membros da Rede RAIO a substituição dessa expressão por “informe se recebido”, “interrogo se recebido”, “confirme se recebeu” ou “recebido, compreendido”.
Esta recomendação não pretende ser uma crítica negativa ou tão pouco sequer uma determinação, mas sim uma recomendação de aperfeiçoamento que desde já agradecemos, já que o uso incorreto de expressões verbais tem efeitos de contágio incluindo para os novos praticantes que se iniciam nas radiocomunicações cidadãs.