A cigarra e a formiga, são mascotes de proteção civil?

Tornou-se moda os municípios adotarem uma mascote de proteção civil, mas na realidade, o que originou o surgimento da primeira mascote, a do Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa, raramente é colocado em prática e está até obsoleto no atual estado da arte da digitalização.

A mascote que outrora distribuía panfletos com recomendações de autoproteção e figurava nos mesmos, na atualidade tudo mudou e, em Lisboa por exemplo, no que respeita aos riscos geológicos, a Riska é a nova mascote forte na sensibilização, tal como na prevenção dos acidentes de trabalho a imagem forte é o Napo, mas, no que concerne à atividade das mascotes de proteção civil, a história mais se assemelha à fábula da cigarra e da formiga (fábula atribuída a Esopo e recontada por Jean de La Fontaine), já que, temos mascotes que hibernam todo o ano, mascotes que hibernam anos a fio e, mais raras, as mascotes que trabalham continuamente ou, as que surgem somente em ocasiões especiais.

Sendo objetivo cada mascote influenciar os cidadãos, em especial os mais novos, a replicar gestos que contribuem para a segurança individual e coletiva, na realidade a proficuidade dessa ação das mascotes é muito heterogenia e, por vezes completamente inócua nesse propósito.

Importa por isso que estejamos atentos, já que, muitas vezes essas figuras surgem alegadamente num contexto diferente, o da justificação de despesa pública com contornos pouco transparentes ao invés do interesse público aparente, já que são ainda por vezes utilizadas como instrumento de influência eleitoralista nas crianças e jovens, futuros eleitores.

A criação de mascotes em cada concelho pode ser algo funesto, já que alimenta a cultura do bairrismo ao invés de universalidade e, pode influenciar negativamente até pela inação que pode gerar a convicção de normalidade nas pessoas, sendo que a inação no contexto da proteção civil é inaceitável e nada tem de normal, porquanto influencia a sinistralidade e “catastroficidade”.

“Na fábula a Cigarra e a Formiga, confronta-se o esforço, personalizado pela Formiga, com a preguiça ou êxito fácil, representados pela Cigarra.

Desta história retira-se uma importante lição: antecipar dificuldades, ser responsável e trabalhar arduamente são imprescindíveis para assegurarmos um futuro tranquilo e feliz.

Por outro lado, adiar o inevitável e ser preguiçoso não é um bom caminho para construir a vida que desejamos.

A formiga trabalha todo o outono

Era uma vez uma formiga e uma cigarra que eram muito amigas e viviam numa floresta. Chegou o verão. Os dias eram muito agradáveis e não faltava comida às duas amigas. A cigarra cantava sem parar.

Após o verão, chegou o outono, e os dias começaram a ficar mais curtos e mais frios. Durante todo o outono, a formiga trabalhou sem parar. Passava os dias a juntar comida e a armazená-la para os longos e rígidos dias de inverno. Como consequência, não aproveitou nada do sol quentinho, da brisa suave do fim da tarde, dos céus maravilhosamente coloridos do pôr-do-sol de outono. Da mesma forma, não pode aproveitar da conversa com as amigas. Só vivia para o trabalho!

Enquanto isso, a cigarra não desperdiçava um minuto da bela estação de outono. Cantou e cantou durante todo o outono. Aproveitou os belos pores-do-sol. Na verdade não se preocupou muito com o inverno que estava cada vez mais perto. A formiga avisava-a que não ia haver comida em breve. A cigarra continuava a cantar.

Chega o inverno e a cigarra fica faminta

Então, passados alguns dias, começou a arrefecer. Era o inverno que estava a bater à porta. A formiga, exausta, entrou na sua humilde toca, mas que contudo era aconchegante e estava repleta de comida.

Por sua vez, com a chegada do inverno, a cigarra viu-se sem comida e a tremer de frio. Faminta, decidiu ir bater à porta da toca da sua amiga formiga para lhe pedir ajuda. Perguntou-lhe então a formiga:

– Por que é que durante o verão e outono você não armazenaste comida como te aconselhei?

A cigarra respondeu:

– Estive a cantar alegremente o tempo durante todo o verão e outono. Se soubesse como seria duro o inverno…! 

Disse então a formiga:

– Amiga cigarra, eu avisei-te para armazenares comida. Enquanto trabalhei no duro durante o verão e outono para ter provisões e poder passar o inverno tranquilamente, tu não me deste ouvidos e só cantavas. Assim, agora… continua a cantar e a dançar! 

Mas a formiga que tinha bom coração, sentiu pena da cigarra. Vendo que ela tinha aprendido a lição, foi amiga da cigarra e ofereceu-lhe da sua comida.

Fonte: SAPO”
Foto: autor desconhecido

Autor do texto: João Paulo Saraiva