Arquivo mensal: Novembro 2022

OE 2023

Ex.mos(as) Senhores(as)

Da nossa análise do Orçamento de Estado em apreço, pode concluir-se o seguinte:

  1. Há um aumento expressivo do investimento nos negócios da intervenção, ou seja, mais do mesmo (atirar com dinheiro para cima dos problemas) esperando resultados diferentes.
  2. O Governo aposta tudo naquilo que possibilita promiscuidades, conluios e negociatas e que, possibilita através disso que alguns sejam beneficiados, mas que em muito pouco em nossa opinião beneficia o interesse público, já que em nada contribui para o efetivo envolvimento em massa dos cidadãos nas atividades de proteção civil como preconizado no Art.º 1 da Lei de Bases de Proteção Civil.
  3. É mais um orçamento a pensar em engordar os mesmos e não pensado na efetiva proteção civil, ou seja, que não protege os cidadãos nem o património e que, está condenado a revelar-se uma vez mais em prejuízos decorrentes da sinistralidade e área ardida nos incêndios, alimentando assim um dos instrumentos de condescendência e apoios por parte de Bruxelas, face a uma política de “coitadismo” e pedinchice devida à inércia e inépcia deliberada ao invés da poupança através de profícuas políticas estratégicas de proteção civil.
  4. A promessa feita em 2017 de preparação das populações para catástrofes torna-se uma vez mais etérea para governantes desprovidos de qualquer credibilidade e, quando esta é a postura e atitude do Governo central, nada de muito diferente se pode esperar por parte das autarquias, colocando o país na retaguarda da eficácia e eficiência dos serviços de proteção civil, mas também do efetivo envolvimento dos cidadãos nas atividades de proteção civil de que são exemplo Espanha, Itália e tantos outros países, mas não Portugal para que não deixe de se alimentar toda a máquina da intervenção e, não se deixe crescer o movimento de prevenção que tão funesto seria aos negócios da intervenção.
  5. Não cremos que seja inocente esta opção por parte do Governo, pois não se tratam de “meninos de coro que ainda tenham muito que crescer para compreender o que estão a fazer”, diríamos mesmo que, estão instalados neste orçamento muitos interesses com contornos muito obscuros e que, no que à proteção civil é atinente, as Portuguesas e os Portugueses escusam de ficar descansados, porque enquanto esta política se mantiver, os incêndios de verão e toda a demais sinistralidade, continuará a engordar alguns, mas continuará a empobrecer muitos outros e, a nação.
  6. Já no que concerne à emergência médica pré-hospitalar, nada de novo se espera nem neste orçamento, nem no orçamento do próprio do Instituto Nacional de Emergência Médica, pois o investimento previsto continua a ser manifestamente insuficiente para dotar o Sistema Integrado de Emergência Médica, daquilo que são as suas principais lacunas, a falta de recursos humanos e a aposta séria e responsável na qualificação de todos os técnicos, a par da necessária modernização dos equipamentos e veículos de socorro.
  7. Continuarão a existir assimetrias absurdas, tais como: o INEM com técnicos com mais formação, mas a quem as competências adicionais não lhes são delegadas, e as tripulações de ambulâncias de Bombeiros e Cruz Vermelha (que socorrem mais de 90% das situações) a continuarem com a mesma formação sem evolução, embora as ambulâncias destas entidades estejam em muito casos melhor equipadas que as do INEM.
  8. Face à análise que fazemos deste Orçamento de Estado e à informação adicional de que dispomos, não nos é possível dar por sério ou credível este Governo no que concerne à proteção dos cidadãos tanto no âmbito da proteção civil quanto na emergência médica.
  9. Este Orçamento tem, contudo, uma garantia, Portugal vai continuar a arder muito, os danos de fenómenos extremos continuaram a ser avultados, a morte precoce continuará a ser pornograficamente elevada devido à vergonhosa taxa de reversão da paragem cardiorrespiratória resultante do não envolvimento em massa dos cidadãos (própria de países de 3º mundo quando comparada com outros países ou até mesmo com a Região Autónoma dos Açores) , da incapacidade de resposta atempada dos serviços de emergência e, da impreparação qualitativa dos técnicos dos sistemas.
  10. Mas há algo mais garantido, lugares para os amigos tanto no Sistema Nacional de Proteção Civil quanto no Sistema Integrado de Emergência Médica, onde à muito a competência não concorre com o fator C e cada vez mais a qualidade deixa a desejar.

Se o sismo de 1755 em Lisboa ocorresse hoje…

 

(cenário hipotético)

Sismo atingindo a Área Metropolitana de Lisboa

São 09.40 horas de uma bela manhã de 1 de novembro, talvez demasiado quente para a época. Os termômetros marcam 14°graus e a terra começa a tremer, sob um impulso vertical que vem do interior para o exterior e a faz balançar do Norte para o Sul; os edifícios oscilam e desmoronam-se no segundo momento de duração. O abalo prolonga-se por sete minutos, tendo dois pequenos intervalos de remissão.

Nas ruas o asfalto parte-se, abrem-se fendas por onde se libertam gases sulfúricos, rebentam condutas de água, os esgotos brotam para o exterior os seus conteúdos, enquanto noutros locais abrem-se enormes crateras por afundamento das abóbadas do Metropolitano que engolem transeuntes e veículos.

Alguns viadutos colapsam, esmagando algumas viaturas, composições ferroviárias e os seus ocupantes, que sob eles passavam e interrompendo, nesses e noutros locais, a circulação ferroviária, por descarrilamento das composições. O sol tolda-se com as nuvens de poeira provenientes das ruínas fumegantes que parecem sufocar todos os sobreviventes.

Nas praias e zonas ribeirinhas, o mar recolhe, deixando o fundo a descoberto numa enorme extensão, mas logo a seguir encapela-se em ondas alterosas de mais de vinte metros de altura, que avançam com fúria sobre as povoações costeiras e entrando pelo estuário do Tejo, inundam violentamente a zona ribeirinha de Lisboa, Cacilhas, Oeiras e Cascais.

O terror expresso pela população é indescritível. Logo nos primeiros instantes milhares de pessoas ficam sepultadas nos escombros dos edifícios que ruíram ou são arrastados pela fúria das águas para o rio Tejo.

Ao ruído ensurdecedor da Terra em movimento, junta-se os gritos de dor e aflição das pessoas e à queda dos edifícios e ao horror do terramoto, sucede-se o pavor dos incêndios que, tendo tido início no centro da cidade, motivados por causas elétricas, pelas rupturas das canalizações de gás, pelo rebentamento de garrafas de gás butano ou propano, vai-se propagando, especialmente pelos bairros velhos da cidade. Ao cair da noite, Lisboa está envolvida em chamas.

As pessoas correm desvairadas, ao acaso, de bairro para bairro, de rua para rua, outras procuram entes queridos entre os escombros.

Às 11.24 horas regista-se o segundo abalo, o pânico é horrível, a cidade despovoa-se, tentando os sobreviventes fugir para os espaços livres.

O Tejo rola em catadupa, os barcos voltam-se, outros são arremessados por um tsunami para terra, estilhaçando-se contra edifícios ou colocando-se em posições irrealistas e inacreditáveis, nas avenidas ribeirinhas, os mais fracos e desprotegidos são pura e simplesmente engolidos sem aviso prévio, muitos, os que trabalham de noite e iniciavam o seu descanso, acordam debaixo de escombros ou submersos pela água salgada fétida suja e escura, que transportava destroços e corpos de pessoas e animais.

Em 1755 o tsunami demorou apenas quinze minutos até ao Cabo de São Vicente, com uma altura de onda de dez metros. “Numa praia entre Vila do Bispo e Lagos encontram-se destroços [arrastados pelo tsunami] a um quilómetro da costa. Era um vale sem qualquer edificado”, reza a história. A duna da ilha de Faro, com dez metros de altura, foi galgada.

E vinte cinco minutos após o sismo já atingia a zona de Oeiras, com uma altura de onda de seis metros, e em seguida avança pelo estuário do Tejo.

Num primeiro balanço, 10.000 casas ruíram completamente e inúmeras ficaram gravemente danificadas, segundo o Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa. O palácio da Independência, no Rossio, o Teatro Nacional D. Maria, o Palácio de S. Bento, o edifício da Câmara Municipal de Lisboa, o quartel do Carmo, Comando-Geral da GNR, o Tribunal da Boa-Hora, o Museu da Arte Antiga, o Palácio dos Condes de Óbidos, sede da CVP, os Edifícios da Praça do Comércio que albergam os Ministérios da Justiça, Administração Interna e o Ministério das Finanças, o Palácio de Belém, o Teatro Nacional de São Carlos, o Hospital do Desterro, o Hospital da CUF, o Palácio das Necessidades, a Igreja de São Domingos, a Igreja de Santo António, a Sé Patriarcal, o Teatro Municipal de São Luís, entre outros.

No quartel da avenida Dom Carlos I do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa o pessoal lutava por libertar algum material e companheiros encarcerados e emparedados nas ruínas do que tinha sido um dos principais aquartelamentos de socorro de Lisboa.

No Monsanto o abalo provocou um incêndio na cantina municipal que rapidamente se propagou ao quartel do Regimento de Sapadores de Bombeiros e ao Serviço Municipal de Proteção Civil, os Bombeiros tentavam salvar o que podiam, ficando assim incapacitados de responder às necessidades da população.

Todos os viadutos na 2ª Circular se abateram ou sofreram danos que provocam acidentes e impossibilitam os meios de emergência de transitar por aquela artéria, e embora alguns meios de comunicação do principal aquartelamento de Bombeiros da Cidade estejam operativos, o número de operadores e terminais de comunicação disponível são irrisórios face ao número de pedidos de socorro da população.

O Centro Operacional 112 Sul (sediado no Taguspark em Porto Salvo – Oeiras, ao lado do edifício do SEF) não sofre felizmente praticamente danos estruturais, contudo muitas linhas telefónicas foram cortadas pelo abalo, e os cerca de 40 operadores não dão vazão ao número de pedidos de socorro que lhes chegam. O tempo de espera naquela central é superior a uma hora.

As estações retransmissoras de telemóvel e do SIRESP na Área Metropolitana de Lisboa, na sua grande maioria ruiu ou sofreu danos, e ficaram inoperacionais ou sobrelotadas, a comunicação via telefone fixo, telemóvel e SIRESP estão reduzidas a cerca de 10% da sua capacidade normal, contudo a enorme tentativa de contato por esta via anula por quase completo qualquer possibilidade de comunicação nas ruas e bairros de Lisboa.

Os radioperadores da banda do cidadão e PMR446 tentam a todo o custo estabelecer contacto com serviços de emergência, mas estes não monitorizam estes canais pelo que estes entusiastas somente conseguem contacto entre si.

Sem ativação por falta de telecomunicações de acesso público para o efeito, os radioamadores que não estão empenhados no auxílio aos seus familiares e vizinhos nada podem fazer para auxiliar nas radiocomunicações, limitando-se a retransmitir mensagens de outros colegas e nem lhes ocorre monitorizar as radiocomunicações cidadãs (CB27 e PMR446) para fazer a ponte entre os cidadãos a necessitar de auxílio e os serviços de emergência, mobilizando dentro do possível radioamadores equipados para esses serviços.

Nenhuma das viaturas do Regimento Sapadores Bombeiros de Lisboa tem rádio de VHF Banda Alta, o mesmo se passa com o INEM, PSP, e GNR, pelo que não têm como comunicar com os meios dos Bombeiros associativos e estes devidos ao desinvestimento na rede de Banda Alta resultante do conforto do uso do telemóvel e do SIRESP, não possuem equipamentos operacionais em número suficiente para fazer face às necessidades operacionais.

Sem comunicações alternativas os serviços e os agentes de proteção civil não têm forma de coordenar eficazmente os meios que não foram afetados.

As chamas devoravam grande parte da cobertura do Hospital de S. José e toda a área norte encontrava-se completamente destruída. Algum, pouco pessoal hospitalar tentava, aproveitando os serviços de Neurocirurgia e de Hematologia, organizar um pequeno centro de triagem, amontoando feridos e grandes queimados numa desorganização indescritível, com bombeiros tentando controlar os inúmeros focos de incêndio.

Nas freguesias afetadas, ou não foram constituídas Unidades Locais de Proteção Civil, ou não têm voluntários em número adequado e nenhuma delas têm os grupos de autodefesa e os equipamentos necessários ao cumprimento da sua missão de ajuda de proximidade, limitando-se assim a ação dos voluntários a assistir impotentes à catástrofe agravada pela inércia e inépcia política.

Em poucas horas desapareciam tesouros arquitetónicos impossíveis de refazer e de estruturas imprevisíveis de reestruturar, tais como os principais museus na baixa da cidade junto ao Tejo, os ministérios, e residência oficial do Presidente da República ficaram reduzidos a um monte de pedras e entulho de onde brotavam colunas de fumo.

Num primeiro balanço a ANEPC estima que o número dos que morreram logo cerca de 150.000, existem cerca de 2.000.000 de feridos, e um número indeterminado de desalojados, com grandes reflexos nas áreas suburbanas da capital, onde aproximadamente 80% do parque imobiliário foi atingido e com mais de 50% de forma irrecuperável.

As solicitações provêm de todos os concelhos da Área Metropolitana de Lisboa.

As vias ferroviárias ficaram interrompidas e as vias rodoviárias impraticáveis, quer por estragos dificilmente recuperáveis, quer por inúmeros engarrafamentos provocados dos que tentavam fugir e dos que tentam vir em busca de amigos e familiares.

Os socorros vindos de fora da Grande Lisboa são solicitados pelas populações limítrofes à capital e não conseguem chegar até a ela, pois a ponte sobre o Tejo (Lisboa-Almada), a ponte da A8, e a ponte de Sacavém ruíram, e a ponte Vasco da Gama não oferece garantias de segurança por ter sofrido danos estruturais.

A noite chega e com ela, o aumento da desolação e da incapacidade de resolução dos problemas e da impotência do salvamento de inúmeras vítimas. O inferno tinha-se abatido sobre Portugal e em especial sobre Lisboa. A cidade está às escuras de luz e comunicação, quando a noite cai, a única luz visível resulta dos inúmeros incêndios…

Pois bem, aqui têm um cenário do que eventualmente sucederia em Lisboa, se ela fosse abalada por um sismo semelhante ao que ocorreu em 1755.

Questões que se colocam:

1º Os serviços de emergência civis e militares perante um cenário destes, com escassos meios operacionais priorizam o socorro e salvamento dos comuns cidadãos ou das figuras de Estado?

2º Sem ajuda atempada dos serviços de emergência quem socorre a população?

3º Está a população organizada, consciente, educada, preparada, treinada e equipada para um cenário destes?

4º Porque vias de comunicação pede a população ajuda aos serviços de emergência (se estes não têm radiocomunicações cidadãs) e como encaminham os serviços de emergência esses pedidos para os meios de socorros?

5º Que probabilidade de sobrevivência têm neste cenário as pessoas com algum tipo de limitação física ou crianças?

6º Como ativam e coordenam os serviços de proteção civil os agentes e entidades cooperantes em proteção civil se não houver telecomunicações e sendo que a esmagadora maioria das entidades com dever de cooperação não têm rádio da Rede Estratégica de Proteção Civil, o mesmo se passando com serviços públicos tais como segurança social, câmaras municipais, juntas de freguesia e outros?

7º Os funcionários e os voluntários dos serviços de emergência vão priorizar a ajuda e socorro ao desconhecido ou priorizar a busca, ajuda e socorro aos seus familiares?

8º Sem plano familiar de emergência e sem telecomunicações, como sabem as pessoas onde procurar os seus familiares?

9º Que tipo de resposta será dada às necessidades de assistência e socorro dos animais domésticos?

10º Estando os mais importantes Ministérios na linha de entrada do tsunami, quem e como se gere o país após a sua passagem?

11º Como se articulam os serviços municipais de proteção civil das câmaras municipais, com as unidades locais de proteção civil das juntas de freguesia, e estas com os grupos de autoproteção das populações, se não existe entre todos uma rede comum de radiocomunicação resistente?

12º Até onde chega um tsunami de causa sísmica em? Que altura pode atingir? Conhece a carta de risco? Sabe o que fazer e onde se proteger?

13º Onde estão e como se contactam as unidades locais de proteção civil e grupos de autodefesa de cada bairro? De que equipamentos e recursos humanos dispõem?

14º Imagine ficar retido no trânsito a alguns quilómetros de casa, como contacta os seus familiares se não tiver rede no telemóvel?

15º Imagine que além de retido sofreu um acidente e tem consigo no automóvel um filho ferido com hemorragia grave, os meios de emergência não conseguem chegar em tempo útil ao local, o que têm no automóvel para socorrer o seu filho? Imagine o mesmo cenário em casa, o que tem para o socorrer?

16º Imagine que o sismo acaba de ocorrer, tem consigo em casa um menor em paragem cardiorrespiratória, um idoso com uma fratura e a sua companheira/o com uma crise asmática, qual socorre primeiro?

Sem estar preparado, a sua família está mais vulnerável, a sociedade está mais vulnerável. Cada cidadão tem responsabilidades em proteção civil, das quais se exime ou assume. Sempre que um cidadão se exime das suas responsabilidades em proteção civil, está a comprometer outras vidas, terá o cidadão esse direito?

Que futuro estamos a construir, que legado queremos deixar às gerações futuras?

 

A proteção civil é, em resumo do artigo 1º da Lei 27/2006, uma atividade de todos e para todos e só está completa com a sua participação. Se você não fizer a parte que lhe compete em proteção civil, ninguém a fará por si.

Pense nisto, porque os Governantes continuam a assobiar para o lado!

Obrigado pela atenção dispensada.

João Paulo Saraiva

 

Que antena escolher para estação base na banda do cidadão

Quando falamos em antenas omnidirecionais para estação base na banda do cidadão, a tendência por parte de alguns colegas é a de se referirem à antena que têm ou que gostariam de ter, mas há muito mais a dizer…

Não existe a melhor antena de todas para todos os casos, existem si antenas adequadas a cada caso que podem ser predominantes para locais livres de obstáculos ou circundados de obstáculos.

A análise da antena mais adequada tem de ter ainda em conta a baixada coaxial, sob pena de se comprar uma antena muito boa por exemplo com um ganho de 3Db, mas cuja suma da atenuação do cabo coaxial usado e seus conectores, ultrapasse até em atenuação o ganho conferido pela antena.

Na escolha da antena deve ter-se em conta o objetivo, se é de comunicação local, de comunicação a média distância, ou de comunicação a longa distância, já que não existem a solução ótima para tudo, mas sim a solução de compromisso para tudo, mas que inevitavelmente estará mais vocacionada para uma das situações.

Geralmente a antena de ¼ de onda presta-se mais para comunicações de curta distância, o que não quer dizer que pontualmente não comunique a longa ou media distância devido a condições de propagação favoráveis. Já a antena de ½ presta-se mais a comunicações de curta e média distância, podendo em condições favoráveis chegar mais longe. E por fim a antena que supostamente chegará mais longe será a antena de 5/8, 7/8 de onda ou até superior. Contudo, nada é assim tão linear, porque a distância a alcançar vai depender de diversos fatores, entre os quais o tipo de antena da estação interlocutora, bem como dos respetivos lóbulos de radiação vertical (vulgo angulo de fogo), por vezes influenciados pela construção de bobines que dependendo do diâmetro e espaçamento entre espiras, podem radiar mais para cima, mais para baixo, mais para o centro, mais para fora, ou até mesmo para dentro dissipando parte da potência emitida localmente mesmo com uma baixa relação de ondas estacionárias.

A escolha de uma antena deve ser feita por um especialista em interpretação de lóbulos de radiação, geralmente apresentados na ficha técnica da antena e, em função da distância a percorrer pela baixada, deve também ser selecionado o cabo coaxial e os conectores a utilizar, porque uma excelente antena para o local com uma má baixada pode anular por completo o benefício do ganho da antena e o investimento feito numa antena melhor e mais adequada ao local.

A tendência é cada um dizer maravilhas da sua antena, mas será que testou todas as outras possibilidades ou aquela que um especialista em analise de antenas recomendaria sem esquecer a adequação da baixada? Facilmente se compreende que não e, compreendendo-se que a experiência é uma das paixões dos entusiastas das radiocomunicações, chegam por vezes a gastar inúmeras vezes mais para adquirir antenas até encontrarem a que mais os satisfaz, do que gostariam ao consultar um especialista em antenas, que não tem necessariamente que ser um lojista de antenas e equipamentos de radiocomunicações pois, geralmente esse aconselha o que tem para vender e desaconselha o que outros vendem.

Por vezes a ansiedade leva o adquirente a adquirir o que há e, a não esperar alguns dias pelo que mais se adequa, dai resultando que por vezes vá passar meses ou anos a usufruir de uma solução medíocre ou razoável, até chegar à solução que mais se adequa ao seu caso.

Claro que pode existir constrangimentos no local de instalação e outros e não se conseguir ter a solução ideal, mas nestes casos é ainda mais importante falar com alguém que compreenda os diagramas de radiação no plano horizontal e vertical, que face aos obstáculos consiga aconselhar a solução possível e, antever através da análise os resultados expectáveis e inerentes constrangimentos.

Ser radioamador não significa ser especialista em antenas, muitos apenas experimentaram uma ou dias antenas e, muitos outros nunca estudaram o comportamento das suas antenas. Existem, contudo, embora raros, alguns radioamadores, bem como obviamente alguns engenheiros de telecomunicações especialistas em antenas, capazes de o aconselhar e antever com base nos seus saberes científicos e técnicos sobre a melhor solução para o seu caso.

Acontece ainda por vezes que, pelo facto do adquirente se deixar ir na conversa do vendedor ou de outro colega, adquire uma antena que custa por exemplo 120€ ao invés de outra que custa o mesmo valor ou ligeiramente mais ou menos, antena essa que até podia ser mais adequada ao seu caso e não adquire porque foi influenciado pelos fatores já mencionados ou porque a antena em causa tem mais fama. Acontece também muito frequentemente que, o adquirente compra a antena mais económica porque não tem capacidade económica para adquirir a antena mais adequada, mas quando tem capacidade económica em vez de adquire a mais adequada adquire a mais famosa.

Escolher uma antena adequada, baixada e estrutura de suporte, é a coisa mais simples para os especialistas, sendo um bicho de sete cabeças para muitos curiosos, ou um fascinante desafio para os experimentalistas amadores.