Que antena escolher para estação base na banda do cidadão

Quando falamos em antenas omnidirecionais para estação base na banda do cidadão, a tendência por parte de alguns colegas é a de se referirem à antena que têm ou que gostariam de ter, mas há muito mais a dizer…

Não existe a melhor antena de todas para todos os casos, existem si antenas adequadas a cada caso que podem ser predominantes para locais livres de obstáculos ou circundados de obstáculos.

A análise da antena mais adequada tem de ter ainda em conta a baixada coaxial, sob pena de se comprar uma antena muito boa por exemplo com um ganho de 3Db, mas cuja suma da atenuação do cabo coaxial usado e seus conectores, ultrapasse até em atenuação o ganho conferido pela antena.

Na escolha da antena deve ter-se em conta o objetivo, se é de comunicação local, de comunicação a média distância, ou de comunicação a longa distância, já que não existem a solução ótima para tudo, mas sim a solução de compromisso para tudo, mas que inevitavelmente estará mais vocacionada para uma das situações.

Geralmente a antena de ¼ de onda presta-se mais para comunicações de curta distância, o que não quer dizer que pontualmente não comunique a longa ou media distância devido a condições de propagação favoráveis. Já a antena de ½ presta-se mais a comunicações de curta e média distância, podendo em condições favoráveis chegar mais longe. E por fim a antena que supostamente chegará mais longe será a antena de 5/8, 7/8 de onda ou até superior. Contudo, nada é assim tão linear, porque a distância a alcançar vai depender de diversos fatores, entre os quais o tipo de antena da estação interlocutora, bem como dos respetivos lóbulos de radiação vertical (vulgo angulo de fogo), por vezes influenciados pela construção de bobines que dependendo do diâmetro e espaçamento entre espiras, podem radiar mais para cima, mais para baixo, mais para o centro, mais para fora, ou até mesmo para dentro dissipando parte da potência emitida localmente mesmo com uma baixa relação de ondas estacionárias.

A escolha de uma antena deve ser feita por um especialista em interpretação de lóbulos de radiação, geralmente apresentados na ficha técnica da antena e, em função da distância a percorrer pela baixada, deve também ser selecionado o cabo coaxial e os conectores a utilizar, porque uma excelente antena para o local com uma má baixada pode anular por completo o benefício do ganho da antena e o investimento feito numa antena melhor e mais adequada ao local.

A tendência é cada um dizer maravilhas da sua antena, mas será que testou todas as outras possibilidades ou aquela que um especialista em analise de antenas recomendaria sem esquecer a adequação da baixada? Facilmente se compreende que não e, compreendendo-se que a experiência é uma das paixões dos entusiastas das radiocomunicações, chegam por vezes a gastar inúmeras vezes mais para adquirir antenas até encontrarem a que mais os satisfaz, do que gostariam ao consultar um especialista em antenas, que não tem necessariamente que ser um lojista de antenas e equipamentos de radiocomunicações pois, geralmente esse aconselha o que tem para vender e desaconselha o que outros vendem.

Por vezes a ansiedade leva o adquirente a adquirir o que há e, a não esperar alguns dias pelo que mais se adequa, dai resultando que por vezes vá passar meses ou anos a usufruir de uma solução medíocre ou razoável, até chegar à solução que mais se adequa ao seu caso.

Claro que pode existir constrangimentos no local de instalação e outros e não se conseguir ter a solução ideal, mas nestes casos é ainda mais importante falar com alguém que compreenda os diagramas de radiação no plano horizontal e vertical, que face aos obstáculos consiga aconselhar a solução possível e, antever através da análise os resultados expectáveis e inerentes constrangimentos.

Ser radioamador não significa ser especialista em antenas, muitos apenas experimentaram uma ou dias antenas e, muitos outros nunca estudaram o comportamento das suas antenas. Existem, contudo, embora raros, alguns radioamadores, bem como obviamente alguns engenheiros de telecomunicações especialistas em antenas, capazes de o aconselhar e antever com base nos seus saberes científicos e técnicos sobre a melhor solução para o seu caso.

Acontece ainda por vezes que, pelo facto do adquirente se deixar ir na conversa do vendedor ou de outro colega, adquire uma antena que custa por exemplo 120€ ao invés de outra que custa o mesmo valor ou ligeiramente mais ou menos, antena essa que até podia ser mais adequada ao seu caso e não adquire porque foi influenciado pelos fatores já mencionados ou porque a antena em causa tem mais fama. Acontece também muito frequentemente que, o adquirente compra a antena mais económica porque não tem capacidade económica para adquirir a antena mais adequada, mas quando tem capacidade económica em vez de adquire a mais adequada adquire a mais famosa.

Escolher uma antena adequada, baixada e estrutura de suporte, é a coisa mais simples para os especialistas, sendo um bicho de sete cabeças para muitos curiosos, ou um fascinante desafio para os experimentalistas amadores.