Ainda no tema das interferências prejudiciais no SRP-CB e não só…

No seguimento do anterior artigo (inserir “Interferências prejudiciais pelo sistema CONVEL (EBICAB 700), ANACOM continua inoperante” e hiperligação https://aprosoc.pt/blog/2022/05/10/interferencias-prejudiciais-pelo-sistema-convel-ebicab-700-anacom-continua-inoperante/) sobre as interferências do sistema CONVEL (EBICAB 700) no SRP-CB (27 MHz) e SAAS (28/29 MHz), são muitos os radioperadores do Serviço Rádio Pessoal – Banda do Cidadão (SRP-CB) que observam estas interferências nos canais referidos no dito artigo, mas como desconhecem a origem, desconhecendo também se podem ou não reclamar acerca de, não instam junto da ANACOM a identificação e resolução do problema.

No mesmo tópico das interferências prejudiciais, existe ainda um longo caminho a percorrer, mas o primeiro passo é seguramente exigir proteção radioelétrica aos vários serviços rádio, como seja o Serviço Rádio Pessoal – Banda do Cidadão (SRP-CB) à ANACOM.
Não é por não estar sujeito a licenciamento ou ao pagamento de taxas de utilização de espectro que perde o direito à proteção, pois continua a ser um serviço rádio devidamente reconhecido e com regulamentação própria, quer nacional, quer europeia.

O segundo passo é a consciencialização para a existência de fontes de interferência prejudiciais que na esmagadora maioria dos casos não afetam apenas o SRP-CB, mas sim uma larga porção do espectro de onda curta – HF (3 a 30 MHz), onde o SRP-CB se insere (27 MHz). Um banda CB “limpa” de ruído prejudicial (“QRM”) não significa que o restante espectro de HF (3 – 30 MHz) esteja igual, mas é um ponto de partida para que isso se torne possível.

Não é possível continuar a admitir situações em que um radioperador de uma estação fixa do SRP-CB, instalada segundo as disposições legais em vigor e em cumprimento das boas práticas de EMC, se veja impossibilitado do usufruto desse serviço rádio livre para o cidadão, por se ver constantemente interferido pela mais diversa parafernália de equipamentos elétricos e eletrónicos que não estão conforme as normas de compatibilidade eletromagnética (normas EMC), que aumentam para além do desejável e aceitável, segundo as várias normas existentes, o ruído de fundo (“noise floor”), ao ponto de tornar impraticável ou mesmo impossível o estabelecimento de qualquer comunicação rádio com outras estações do mesmo serviço.
O mesmo se aplica às estações móveis e portáteis do mesmo serviço, onde se observa comummente que na aproximação e circulação em qualquer espaço urbano ou semi-urbano o nível de ruído de fundo sobe consideravelmente, denunciando a existência de diversas fontes interferentes nesses locais, que não estão conforme as normas EMC.

Estas interferências prejudiciais, com as mais variadas origens, podem apresentar padrões de funcionamento determinados ou completamente aleatórios, o que dificulta a sua deteção, registo e análise.
Cabe ao radioperador denunciar estas situações de interferências prejudiciais à ANACOM, após observação e registo detalhado, tendo a ANACOM a competência, a autoridade e a responsabilidade de efetuar as diligências necessárias para fazer cessar as referidas interferências, e devolver ao cidadão um serviço rádio livre de interferências prejudiciais que excedam os limites estabelecidos.

Muitos radioperadores do SRP-CB, ao serem confrontados com estas situações de interferências prejudiciais que tornam impraticável ou mesmo impossível qualquer comunicação rádio, seja continuamente ou em alguns períodos do dia, acabam por desanimar e baixar os braços sem sequer fazerem um esforço para compreender e mitigar as diversas fontes de interferência, e inclusive até desligam todo o equipamento, deixam de o utilizar ou vendem-no a terceiro, num claro desperdício do investimento efetuado, quer nos equipamentos e acessórios, mas também no conhecimento adquirido.

A aceitação generalizada e consequente passa-palavra popular de que o SRP-CB está aos dias de hoje muito interferido por diversos aparelhos não rádio, faz com que muitos potenciais radioperadores deste serviço criem a priori anticorpos e desistam do investimento neste serviço de radiocomunicações livre, que apesar de todas as dificuldades aqui mencionadas, e que são a infeliz realidade em muitas zonas dos espaços urbanos e semi-urbanos deste país, continua a ter um papel fundamental enquanto alternativa de radiocomunicações livres.

Sérgio Matias
Vogal da Direção
CT1HMN