Os “macanudos”

O termo macanudo é conhecido pelos radioperadores da Banda do Cidadão (CB – citizens band) como referente a eles, contudo, a palavra significa na sua origem segundo vários dicionários em Portugal e no Brasil, “forte, porreiro, boa pessoa”, tendo-se generalizado o uso do termo para as pessoas que usam rádio CB.

Por vezes ouvimos alguém dizer que chamou neste ou naquele canal e ninguém respondeu, e perguntam mesmo onde estão afinal todos esses “macanudos” que aparecem na internet mas que não se ouvem no rádio e a resposta é simples e muito difusa:

  1. Uns estarão a trabalhar
  2. Outros estarão a descansar e, outros em lazer
  3. Mas outros ainda estarão nas suas lides diária, ida ao supermercado, à consulta, à farmácia, ou simplesmente comprar algo para vestir ou a fazer uma refeição

Embora existam rádios CB portáteis, o CB não se leva para qualquer lado ao invés de um walkie-talkie PMR 446 (personal mobile radio 446 MHz), e os alcances na versão portátil no meio urbano são sempre muito escassos, até mesmo porque quer o rádio CB quer o PMR 446 se destinam na sua essência a comunicação de curta distância, ou seja, comunicações locais.

Quando um conjunto de voluntários diz que está tendencialmente à escuta de um determinado canal, não quer dizer que lá esteja dia e noite ininterruptamente sem sequer se poder ausentar para ir comer ou à casa de banho, quer dizer que sempre que possível estará atento às comunicações naquele canal.  O ideal é, portanto, que mais voluntários existam nesse canal, para que entre a disponibilidades de uns e outros aumente a probabilidade de resposta naquele canal, ou mesmo para que a área coberta por essa rede seja maior, dependendo isto da disponibilidade e predisposição individual de cada um.

É também sabido que existe muito macanudo só de internet, uns porque já tiverem, mas já não têm estação, em muitos casos porque a vizinhança ignorante e insensível não distingue a antena de um rádio CB que irradia menos que qualquer forno micro-ondas da antena de telemóvel e acha que é tudo a mesmo coisa e por isso não deixa instalar antenas no telhado, outros porque o saudosismo não é suficientemente motivador para o regresso. Por falar em antenas de telemóvel, importa ainda dizer que quem tem uma antena da rede telemóvel próxima tem menos radiações junto à cabeça, porque quanto mais forte o sinal recebido no terminal telemóvel, menor a potência por ele emitido junto à cabeça, e por isso também menor o consumo. Diga-se ainda, que a potência dos retransmissores da rede telemóvel é baixíssima para não interferir na área de outro retransmissor da rede.

Por isso, o “cebeismo”, seja ele na original CB ou no PMR 446, é a sumula do empenho individual de cada detentor desses meios de radiocomunicação que deles usufruem com maior ou menor dedicação em função da sua disponibilidade e predisposição.

Agora já sabe que, se ouvir alguém referir-se a outro como macanudo, é um elogio ou estará a referir-se a esse alguém como utilizador da Banda do Cidadão, embora alguns Radioamadores também usem essa expressão nas bandas de rádio amador, no caso geralmente para descrever o seu interlocutor como “um tipo porreiro”.

Os macanudos têm ainda diversas atividades e profissões, algumas das quais possibilitam alguma ou mesmo maior disponibilidade que outras para o hobby, por exemplo o caso do motorista, ou mesmo o caso do aposentado que pode dar mais tempo e atenção ao rádio, por vezes de muita utilidade ou que até ajudam a salvar vidas.