Artigo de opinião: Os “impropéristas” da Banda do Cidadão são os responsáveis por não haver mais adesão

Aqueles que se acham no direito de proferir impropérios atrás de um microfone a operar um rádio CB (citizens band), são na realidade os responsáveis pelo facto de muitos desistirem da Banda do Cidadão.

Não se trata de as pessoas de bem não conhecerem os impropérios e vernáculos, mas sim do facto de quem tem algum nível de educação não proferir tais palavras.

Proferir impropérios ou vernáculos na Banda do Cidadão, é o equivalente a proferi-los gritando numa multidão, certamente a maioria ficaria perplexa a achar que o autor de tal episódio estaria ali a exteriorizar uma frustração, sendo tal ato provavelmente conotado a um aparente estado ébrio, que o toldado discernimento não possibilita identificar, mas que não passaria despercebido a quem observa.

Por outro lado, há os que usam os impropérios para se apropriarem dos canais pela “força” das palavras desagradáveis e terem assim o seu monopólio, geralmente fazem-no associado ao uso de potência excessiva.

Seja para se libertarem de alguma frustração reprimida ou para ter o monopólio de canais, estes seres que proferem impropérios são corresponsáveis por exemplo pelo facto de os serviços de emergência e proteção civil rejeitarem fazer escuta na Banda do Cidadão, seja pelos impropérios, seja por infantilidades que se revelam geralmente com sons impróprios da civilidade e do estado da arte da rádio operação.

Tais práticas fazem com que muitos cidadãos que tiveram contacto no passado com a CB, torcem o nariz, sendo que muitos dos que são convidados a regressar respondem que “já passaram essa fase”, associando a CB a uma fase inconsciente e/ou irresponsável da vida.

Não é necessário o uso de impropérios para comunicar via rádio e, tais práticas atraem os que se enquadram na mesma classe de nível de urbanidade, tais práticas afastam mais pessoas do que aquelas que atraem, já que a maioria dos usufrutuários da CB procuram diálogos respeitosos baseados em interesses por temas em comum e, quem recorre a impropérios tem geralmente um diálogo prolongado, mas sem qualquer substrato.

O vocabulário de cada um resulta das suas vivências experienciadas e ninguém deve ser criticado por não ter um vocabulário mais rico, sendo, contudo, totalmente reprovável quem substitui palavras agregadoras por palavras desagradáveis ao ouvido e à mente, qua mais não revelam que o baixo nível de educação e estados de frustração e complexos de inferioridade.

Não se tratam de canais, as frequências são inofensivas, são as pessoas que usam os canais que lhes dão a fama que este ou aquele canal tem, podendo ser uma boa ou uma má fama. Há muito boa gente nesses canais que apesar de tudo não se deixa influenciar pelo efeito de contágio das práticas mais reprováveis, sejam elas ébrias ou infantis.  A CB é uma avenida com 40 saídas, umas são travessas e outras becos sem saída, alguns mal frequentados e cujo odor não é agradável.

Há muito quem confunda o espaço radioelétrico público com o espaço de manobra de um telefonema privado e, entenda impor ao público em geral um espetáculo degradante, da sua falta de educação resultante.

Creio que este artigo de opinião pode ser “consciencializador” e, contribuir para algumas mutações comportamentais conducentes a uma banda do cidadão mais digna, inclusiva e agregadora. Fazer da Banda do Cidadão mais agradável e agregador depende de todos e é possível.

João Paulo Saraiva
utilizador da banda do cidadão