Arquivo mensal: Julho 2022

RADIOCOMUNICAÇÕES

Voluntariado de Radiocomunicações Cidadãs de Emergência no Concelho de Oeiras

Em caso de desastre é muito provável que as telecomunicações de acesso público falhem, sendo importante que os cidadãos conheçam as alternativas ao seu dispor tanto no que respeita aos equipamentos de radiocomunicações cidadãs (CB-Citizens Band, PMR446 (personal mobile radio), ou LPD433 (low power device) quanto nos alcances que estes possibilitam.

Neste contexto, a APROSOC – Associação de Proteção Civil, procura envolver cidadãos usufrutuários desses meios de radiocomunicações, bem como outros que estejam interessados em experienciá-los, reunindo-os em canais / frequências comuns numa ação de exploração semanal à rede já realizada por esta Associação desde 2017 logo após os catastróficos incêndios que devastaram o país.

Neste contexto, convidamos os usufrutuários de meios de radiocomunicações cidadãs e, também os radioamadores para, integrarem este projeto de voluntariado conducente ao reconhecimento permanente dos alcances destes meios de radiocomunicação, pela sua aplicabilidade face a situações de emergência, acidente grave ou catástrofe.

Para o efeito a APROSOC tem a capacidade de empréstimos temporário de alguns equipamentos aos voluntários que integrem este projeto de voluntariado, bem como, disponibiliza a ação formativa para a sua correta operação.

Requisitos:

  • Ser ouvinte e falante;
  • Ter tendencialmente disponibilidade para comunicar via rádio a partir de qualquer local do concelho de Oeiras durante pelo menos 10 minutos no período compreendido entre as 10 e as 12 horas aos domingos;
  • Ser maior de 16 anos (no caso dos menores de 18 anos têm de possuir autorização escrita do encarregado de educação).

    INSCRIÇÃO

Como podem os voluntários de proteção civil escutar legalmente os meios aéreos de combate a incêndios?

Estimados Voluntários e/ou Associados da APROSOC

Já se questionou sobre, como podem os voluntários de proteção civil, bombeiros e outros operacionais em prevenção ou envolvidos nas operações, estar atentos às comunicações dos meios aéreos de combate a incêndios entre si ou com o comando das operações aéreas (COPAR) sem estarem na posse de equipamento que não tenham legitimidade para usar?

Tratando-se da segurança dos envolvidos, por exemplo para não serem surpreendidos com descargas de água, não estarem em locais em que possam perturbar a manobra de meios aéreos, entre outras situações estes operacionais podem estar atentos às comunicações através de recetores vulgarmente chamados “scanners”, sem que para isso seja necessária uma licença por se tratarem de equipamentos meramente recetores. Contudo, existem boas práticas éticas a ter na interceção das comunicações e, embora a banda aeronáutica seja escutada por milhares de pessoas em Portugal, recomenda-se que o conteúdo das comunicações não seja revelado para quaisquer fins e, somente seja usado para conhecimento próprio, em especial quando se trate da segurança do próprio ou da segurança coletiva dos cidadãos.

 

Somos ainda frequentemente questionados por alguns dos nossos Voluntários e/ou Associados sobre que equipamentos usamos para escutar a banda aeronáutica e as comunicações nos teatros de operações, pelo que, embora possam em alguns casos particulares dispor de outros equipamentos, os voluntários da APROSOC usam essencialmente os seguintes recetores:

Uniden SDS 200 (analógico e digital)
Uniden BCT15X
Uniden BC355N/CLT (versão económica em relação ao anterior)
Uniden UBC125XLT
Uniden UBC75XLT (versão económica do anterior)
Uniden BCD436HP (analógico e digital)

Porque optámos por esta marca e não por outras?
Todos os equipamentos têm vantagens e desvantagens quando comparados com outros, mas a Uniden é um dos maiores fabricantes mundiais, de onde saem ou saíram equipamentos de muitas outras marcas tais como a President, Cobra, alguns equipamentos Midland e muitos outros.
Na relação preço/qualidade é uma solução razoável.
Os scanners desta marca apresentam uma das mais elevadas velocidades de varrimento de canais por segundo.

Existem outras marcas de qualidade até superior (Rode&Schwarz, ICOM, AOR, …) contudo com equipamentos bastante mais dispendiosos.
A Uniden dispõe ainda de outros modelos mais económicos, contudo tendo sido até então testados por nós 23 modelos estes 7 foram os nossos eleitos.

ATENÇÃO: As frequências apresentadas nos ecrãs das imagens não correspondem a qualquer frequência de interesse em Portugal.
A utilização de equipamentos de escuta para fins ilícitos é passível de procedimento criminal.

SISMO – REFLEXÃO DE SENSIBILIZAÇÃO

Eram 17H53m quando um sismo de forte magnitude (7.5 na escala de Richter) sacudiu a região de Lisboa, o “P” que mora na parte mais alta de Paço de Arcos no concelho de Oeiras, distrito de Lisboa, saíra do emprego no Marques de Pombal há alguns minutos e encontrava-se na A5 na zona da Serra do Monsanto a descer para Algés, tendo consigo um rádio CB na bagageira e o rádio PMR446 no habitáculo. Todo o transito parou face às fendas e crateras que se abriram no alcatrão, há notícias de que o viaduto de Carnaxide ruiu e existem viaturas sob os escombros e, a ponte da A5 sobre a ribeira de Barcarena desapareceu.
O “P” dentro do automóvel e, a esposa em casa, estão ainda atordoados das sacudidelas sofridas durante o evento sísmico, atónicos, receosos de réplicas, tudo é novidade pois nunca antes tinham passado por isto.

Quer por algumas torres de telecomunicações terem colapsado, quer por danos nos sistemas de alimentação ou por sobrelotação, o “P” tenta ligar para a sua esposa que supostamente àquela hora já teria chegado a casa, mas sem sucesso.

Qual das seguintes opções seria uma solução:

  1. O P tem um rádio CB em casa sempre ligado a uma bateria e carregador, mas a esposa nunca se interessou por isso e nem lhe ocorre ligar o rádio.
  2. A esposa do P liga o rádio, mas como nunca se interessou pelo assunto não sabe em que canal deve comunicar com o P.
  3. A esposa liga o rádio e percebe que o rádio tem uma tecla de emergência, pressiona-a e o rádio fica em canal 9, ela chama, mas como nunca antes treinaram o “P” está a chamar no canal de chamada 11 e ela no 9.
  4. O “P” percorre vários canais a chamar a esposa, enquanto a esposa faz o mesmo e andam sempre desencontrados.
  5. O “P” tinha praticado com a esposa e até deixou uma folha colada ao rádio com instruções, tais como nome de estação, canal primário, canal alternativo e procedimentos de operação em emergência e facilmente estabelecem contacto, mas ele informa-o de que não há eletricidade, apesar do edifício não ter sofrido danos. Combinam então ligar o rádio de X em X tempo e que, caso não consiga avançar com o automóvel vai a pé e fica contactável no PMR446 no canal indicado ou alternativo, assim que estiver em local que possibilite a comunicação. Pede ainda à esposa que tente comunicar com a filha também pelo PMR446, mas a esposa repara e informa-o que o rádio da filha ficou em casa.
  6. Nenhuma das anteriores é uma solução completa mas, este exercício possibilitou compreender o problema e encontrar soluções, o “P” chegou a casa e chamou a filha e esposa e fizeram um plano de comunicações alternativas de emergência e todos se comprometeram fazer-se acompanhar permanentemente do seu rádio PMR446 e no caso do “P” e da esposa “M” combinaram andar sempre com um CB com antena magnética para SOS ma bagageira, com instruções rápidas indicando o canal primário a usar e o/s alternativo/s.

Se tudo ou parte daquilo que você sempre conheceu desaparecer ou ficar destruído, está preparado para lidar com a situação? Repare que a história tem uma parte boa, por sorte o prédio onde vive a família do “P” não sofreu danos, mas nem sempre todos têm essa sorte e, ainda que não sofresse danos existe outra possibilidade a de ser destruído por um Tsunami, mas, espere, pois é, o prédio é na “parte mais alta de Paço de Arcos”, portanto com vista para as tragédias no edificado a cota mais baixa e mais junto ao mar.

Agradecemos o tempo que dedicou à leitura deste nosso pequeno exercício de sensibilização que pode ser adaptado a cada caso. Dê asas à imaginação e prepare-se porque, a incerteza não está em se vai ou não ocorrer um novo sismo como o que em 1755 abanou e destruiu Lisboa, a incerteza reside no quando voltará a acontecer, pode ser daqui a séculos, décadas, anos, meses, semanas, dias, horas, minutos, segundos, ou neste preciso momento em que estava a ler este texto.
Prepare-se, equipa-se, mantenha-se informado, pode acontecer a qualquer momento.
Está mentalmente preparado para lidar com a situação?

Lançamos-lhe o repto de “regressar a 1755” e tentar contemporizar aquele evento no presente.

 

Sabe quem faz anos este mês?

Pois é, muita gente. Mas também a legalização da Banda do Cidadão (CB-citizens band) em Portugal.
Foi no dia 11 de Julho de 1978 que a CB foi legalizada em Portugal e, para comemorar a amizade que a Banda do Cidadão trouxe numa época em que a Internet era apenas ficção científica, a APROSOC vai assinalar a data com QSO´s (conversações via rádio) com um prefixo especial. Nesse dia, alusivamente a todas as amizades geradas na CB, as estações da APROSOC adotam o prefixo “AMIGO” mantendo o sufixo numérico correspondente ao número de membro desta Associação.
A atividade será aberta a todos os que nos queiram fazer companhia em canal 12 AM (como originalmente), sendo uma atividade nacional de âmbito local, ou seja, pretende-se fomentar o surgimento de grupos locais de utilizadores da Banda do Cidadão um pouco por todo o país, grupos que cultivem a amizade via rádio CB.
Estaremos pela Região de Lisboa mais ativos entre as 21 e as 22horas (+-30minutos), mas a atividade pode ser replicada por todo o país em qualquer canal e modo.

Você está convidado, apareça!

Ainda no tema das interferências prejudiciais no SRP-CB e não só…

No seguimento do anterior artigo (inserir “Interferências prejudiciais pelo sistema CONVEL (EBICAB 700), ANACOM continua inoperante” e hiperligação https://aprosoc.pt/blog/2022/05/10/interferencias-prejudiciais-pelo-sistema-convel-ebicab-700-anacom-continua-inoperante/) sobre as interferências do sistema CONVEL (EBICAB 700) no SRP-CB (27 MHz) e SAAS (28/29 MHz), são muitos os radioperadores do Serviço Rádio Pessoal – Banda do Cidadão (SRP-CB) que observam estas interferências nos canais referidos no dito artigo, mas como desconhecem a origem, desconhecendo também se podem ou não reclamar acerca de, não instam junto da ANACOM a identificação e resolução do problema.

No mesmo tópico das interferências prejudiciais, existe ainda um longo caminho a percorrer, mas o primeiro passo é seguramente exigir proteção radioelétrica aos vários serviços rádio, como seja o Serviço Rádio Pessoal – Banda do Cidadão (SRP-CB) à ANACOM.
Não é por não estar sujeito a licenciamento ou ao pagamento de taxas de utilização de espectro que perde o direito à proteção, pois continua a ser um serviço rádio devidamente reconhecido e com regulamentação própria, quer nacional, quer europeia.

O segundo passo é a consciencialização para a existência de fontes de interferência prejudiciais que na esmagadora maioria dos casos não afetam apenas o SRP-CB, mas sim uma larga porção do espectro de onda curta – HF (3 a 30 MHz), onde o SRP-CB se insere (27 MHz). Um banda CB “limpa” de ruído prejudicial (“QRM”) não significa que o restante espectro de HF (3 – 30 MHz) esteja igual, mas é um ponto de partida para que isso se torne possível.

Não é possível continuar a admitir situações em que um radioperador de uma estação fixa do SRP-CB, instalada segundo as disposições legais em vigor e em cumprimento das boas práticas de EMC, se veja impossibilitado do usufruto desse serviço rádio livre para o cidadão, por se ver constantemente interferido pela mais diversa parafernália de equipamentos elétricos e eletrónicos que não estão conforme as normas de compatibilidade eletromagnética (normas EMC), que aumentam para além do desejável e aceitável, segundo as várias normas existentes, o ruído de fundo (“noise floor”), ao ponto de tornar impraticável ou mesmo impossível o estabelecimento de qualquer comunicação rádio com outras estações do mesmo serviço.
O mesmo se aplica às estações móveis e portáteis do mesmo serviço, onde se observa comummente que na aproximação e circulação em qualquer espaço urbano ou semiurbano o nível de ruído de fundo sobe consideravelmente, denunciando a existência de diversas fontes interferentes nesses locais, que não estão conforme as normas EMC.

Estas interferências prejudiciais, com as mais variadas origens, podem apresentar padrões de funcionamento determinados ou completamente aleatórios, o que dificulta a sua deteção, registo e análise.
Cabe ao radioperador denunciar estas situações de interferências prejudiciais à ANACOM, após observação e registo detalhado, tendo a ANACOM a competência, a autoridade e a responsabilidade de efetuar as diligências necessárias para fazer cessar as referidas interferências, e devolver ao cidadão um serviço rádio livre de interferências prejudiciais que excedam os limites estabelecidos.

Muitos radioperadores do SRP-CB, ao serem confrontados com estas situações de interferências prejudiciais que tornam impraticável ou mesmo impossível qualquer comunicação rádio, seja continuamente ou em alguns períodos do dia, acabam por desanimar e baixar os braços sem sequer fazerem um esforço para compreender e mitigar as diversas fontes de interferência, e inclusive até desligam todo o equipamento, deixam de o utilizar ou vendem-no a terceiro, num claro desperdício do investimento efetuado, quer nos equipamentos e acessórios, mas também no conhecimento adquirido.

A aceitação generalizada e consequente passa-palavra popular de que o SRP-CB está aos dias de hoje muito interferido por diversos aparelhos não rádio, faz com que muitos potenciais radioperadores deste serviço criem a priori anticorpos e desistam do investimento neste serviço de radiocomunicações livre, que apesar de todas as dificuldades aqui mencionadas, e que são a infeliz realidade em muitas zonas dos espaços urbanos e semiurbanos deste país, continua a ter um papel fundamental enquanto alternativa de radiocomunicações livres.