Os Preppers e Sobrevivencialistas em Portugal

O movimento Prepper em Portugal surge na primeira década deste milénio e, os sobrevivencialistas no final da primeira década, o que se acentua ainda mais em ambos os casos a partir de 2017 face à constatação de que os serviços de emergência e proteção civil do Estado são incapazes de assegurar a resposta atempada a emergências e que, a assimetria da qualidade desses serviços muitas vezes partidarizados é de tal modo grosseira e dantesca que compromete logo à partida tanto a qualidade quanto a capacidade da resposta. Pode assim dizer-se que, os pais dos Preppers e dos Sobrevivencialistas em Portugal são os decisores políticos e os quadros dos serviços de emergência e proteção civil, não porque tenham participado ativamente no surgimento, mas porque passivamente na sequência da sua inércia e inépcia tanto ao nível de freguesia, quanto ao nível municipal, bem como inevitavelmente ao nível regional e nacional isso originaram.

Os Preppers e os Sobrevivencialistas em Portugal são na atualidade alvo da atenção dos Serviços de Informação e Segurança do Estado, porque se preparam na saúde, na logística, nos recursos financeiros, mas especialmente porque se preparam na defesa e porque tendem a ser autónomos e autossuficientes, bem como tendencialmente não digitalmente rastreáveis nas suas atividades, algo invulgar numa sociedade dita moderna onde a digitalização dos serviços está em franco desenvolvimento.

No âmbito da defesa, sem prejuízo de soluções armadas, os Preppers e Sobrevivencialistas procuram essencialmente ter locais seguros, seja no meio de uma zona de pouco interesse, seja uma cave, seja uma sala de pânico, ou mesmo para os mais abastados num bunker que ou escapa aos olhos das autarquias no licenciamento, ou é muitas vezes licenciado como adega, arrumos, casa de apoio a atividade rural ou outro.

No âmbito da comunicação, as comunidades Preppers  e Sobrevivencialistas em Portugal são ainda na maioria dos casos muito dependentes de serviços públicos de telefone e internet e, os que recorrem a meios menos rastreáveis como walkie-talkies e estações de radiocomunicação, fazem-no na maioria dos casos de forma pouco inteligente, em frequências muitas vezes de risco, na maioria dos casos sem encriptação ou procedimentos de operação profícuos, sendo ainda que também na maioria dos casos recorrem a equipamentos de baixíssima qualidade que compromete a comunicação em cenários de grande saturação de radiofrequência ou elevado fluxo de tráfego de comunicações.

Na comunidade Prepper e Sobrevivencialista em Portugal existe um pouco de tudo, até ex. governantes que conhecem as improficiências do Estado e entenderam preparar-se.

Não existem dúvidas para os cidadãos mais informados e mais bem formados que, em cenários SHTF (shit hit the fan), os serviços do Estado são os primeiros a colapsar, o que gera um movimento alternativo de comunidades preparadas para entre os seus membros disponibilizarem uns aos outros as competências e capacidades que as disponibilidades lhes possibilitam. A máquina do Estado tornou-se, portanto para muitos algo pouco ou nada confiável, seja qual for o patamar politico-territorial e, a cada dia que passa mais preparadores e sobrevivencialistas surgem, por vezes já no nível de discrição Gray Man (homem cinza – invisível), a cada dia que passa a máquina do Estado, ainda que tente limitar o dinheiro físico e outras moedas de troca, tem menos controlo sobre os preparadores, sobrevivencialistas e homens cinza mais hábeis.

A inexistência de qualquer Associação de Preppers ou Sobrevivencialistas em Portugal, deve-se ao facto de esta ser uma atividade individualista ou, quando muito, de comunidades fechadas que nada reivindicam para não despertar quaisquer atenções sobre si e, porque tal implicaria forçosamente a identificação de alguns cidadãos como pertencentes a essa comunidade através quer da escritura pública do ato constitutivo, quer do Registo Central de Beneficiário Efetivo, formalidades contrárias a ambas as filosofias.