Ouvimos frequentemente o Sr. General Duarte Costa, apelar aos comportamentos responsáveis dos portugueses, para evitar os incêndios, mas sobre os comportamentos responsáveis da REN, EDP, Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, Empresas públicas ou privadas, nem uma palavra.
O Exmo. Sr. Presidente da ANEPC, não compreendeu ainda que a única forma de envolver os portugueses como parte da solução, mobilizando-os a todos para a prevenção, é envolvendo-os em programas locais de voluntariado de proteção civil com os quais a ANEPC para alimentar os mesmos de sempre não está disponível para distribuir algumas migalhas ou mesmo instar as autarquias a fazê-lo. Por mais reforço orçamental, humano e material que tenha, nunca terá meios suficientes face à dimensão do país e distribuição das populações pelo território, a ideia de alimentar e aumentar o modelo de sempre esperando resultados diferentes nunca produzirá os resultados desejados, se é que deseja que não existam incêndios, já que todos sabemos que sem incêndios o orçamento não aumenta.
A solução está na massificação das ULPC e OVPC, integrando desejavelmente pelo menos um membro de cada agregado familiar tenha ele 8 ou 80 anos, ande ele de trotinete ou de cadeira de rodas, porque todos sem exceção podem se coordenados e organizados ser parte da solução. De outro modo, o comum cidadão quer tanto saber de proteção civil quanto do fato que vai vestir no dia do próprio enterro.
Assistimos ainda cada vez mais a Bombeiros a assumir funções de proteção civil, determinando assim que por um lado temos cada vez menos bombeiros e, por outro não teremos mais proteção civil, já que quem nasce Bombeiro é filosoficamente bombeiro até ao fim. Enquanto não houver licenciaturas em Operações de Socorro para bombeiros, nem teremos técnicos superiores de proteção civil, nem técnicos superiores de operações de socorro e, esta miscelânea em nada de profícuo se traduz, pois proteção civil não é muito de que se apregoa e faz, aliás, proteção civil é quase tudo o que está por fazer, pois o que se faz são operações de proteção e socorro.
Muito tem mudado nos últimos anos no âmbito da proteção e socorro, contudo, no âmbito da proteção civil, continua-se a usar a receita de sempre, anunciando a expectativa de se alcançarem resultados diferentes.
O pior cego não é o que não vê, é o que não quer ver e se afirma visionário.
João Paulo Saraiva
Presidente da Direção da APROSOC – Associação de Proteção Civil