Artigo de opinião: Reflexão contínua nas radiocomunicações cidadãs

Primeiro nós saímos do canal 12 porque havia alguns membros que não cumpriam procedimentos radiotelefónicos e feriam as boas práticas com boçalidades embora fossem em número expressivo e qualidade deplorável. Depois quando regressámos ao canal 12 porque já nem o encontro ao domingo conseguiam assegurar em permanência, acharam mal, uniram-se e regressaram em força para nos demover. Mostrámos-lhe que não existe exclusividade no uso dos canais da banda do cidadão, bem como que é possível a coabitação fraterna e harmoniosa. Após esta lição que lhes demos com as melhores das intenções, demos-lhes o espaço reclamado e mudámos de canal, passámos a encontrar-nos no 8 e, desde que lhes demos espaço o tráfego no 12 entrou em decadência ao domingo de manhã.
Como reivindicávamos o direito a usar o canal 12 à noite durante a semana como sempre fizemos, sem prejuízo de quem mais o quisesse usar, lá decidiram dar um ar da sua graça e fizeram um esforço para manter atividade no canal, uma vez mais sol de pouca dura. Passam-se dias em que não se ouve lá qualquer QSO, os procedimentos radiotelefónicos e boas práticas têm dias e dependem de quem opera, não predominando os standards mais corretos. As conversas passaram a banais, sem assunto, apenas marcar presença quando conseguem, desprovidas de objetivos conducentes ao treino, preparação ou desenvolvimento individual ou coletivo.

Entre a soma de radioperadores para aumentar a ocupação e a diversidade da originalidade de temas e objetivos, optaram pela escassez de operadores, ausência de temas e objetivos e pela monotonia desprovida de utilidade pública.
Há quem opte pelo populismo de pouca dura e pela utilidade meramente pessoal em detrimento da fidelidade e utilidade pública.
Mantenho, contudo, a convicção de que, treino não é comunicar via rádio como se comunica ao telefone ou cara a cara e, isso em nada prepara os radioperadores para emergências, esse objetivo estatuário tornou-se etéreo naquela organização ora de cariz meramente lúdico mesmo considerando a atividade nos grupos internos nas redes sociais e canal Zello. Mas mantenho também a esperança de que, os que valorizam os fins estatutárias daquela organização, vislumbrem as vantagens da cooperação, das parcerias produtivas e, do afastamento de colagens funestas que só acrescentam mais do mesmo do que as radiocomunicações têm de mais fora das boas práticas e da ética.

Autor: João Paulo Saraiva