Egos alimentados com Whatts de potência ilegal 

Há na CB (citizens band) utilizadores que precisam de amplificadores lineares ou rádios com potência superior à legalmente permitida, microfones com câmara de eco e outras “funestidades”, como toxicodependentes e alcoólicos necessitam de mais uma dose para alimentar o vício. São geralmente pessoas com baixa autoestima e cujo ego se alimenta de elogios associados à sua transmissão chegar forte “a todo o lado”. Palavras como “tubarão” e outras que os fazem sentir-se “grandes” alimentam-lhes o ego e causam-lhes felicidade e uma certa inebria que não encontram nas demais atividades das suas vidas quotidianas.
Estas pessoas gostam e sentem necessidade de estimular os elogios por parte dos seus contactantes, usando para o efeito expressões como “apeadeiro”, “o rapazinho do walkie-talkie”, “emissora mixuruca” e outras palavras do calão cebêístico. São por vezes momentos de escape, momentos ebrios a ouvir a sua própria voz com eco, ou com uma presença de voz amplificada ou mesmo distorcida que se assemelha por vezes nas suas mentes a alguém que idolatram e com quem fazem questão de se assemelhar ou superar. 

Cada um encontra a felicidade das formas que consegue e, não fosse algumas destas formas atentarem contra os direitos dos utilizadores da CB que fazem uso de equipamentos dentro dos parâmetros legais, poder-se-ia encarar como legítimas formas de auto satisfação do ego.

A fome de protagonismo radiofónico é tanta que este tipo de utilizadores se amontoa geralmente em canais predominantes, gerando o caos resultante da anarquía nos procedimentos radiotelefónicos, uma vez mais pela necessidade de lhes dizerem que passam por cima de outros através da força da potência usada, mas sem que isso se relacione com qualquer característica da pessoa que usa essas tecnologias. 

E lá andam eles felizes e contentes da vida, muitas vezes com potências cancerígenas para si e para terceiros que sem saber porquê acabam em oncologia, mas o que importa é alimentar o ego e socializando diariamente com quem profere tais elogios (tubarão, emissora potente, etc…).

Artigo de opinião por: João Paulo Saraiva