O sobrevivencialismo como forma de autoproteção em contexto de proteção civil

O sobrevivencialismo é estar preparado tanto quanto possível “para sobreviver tudo”, desde uma emergência, passando por um acidente grave, catástrofe ou o caos, mesmo sabendo-se que efetivamente nunca se estará preparado para tudo. Sobreviver em ambientes inóspitos e em total privação de acesso a bens essenciais à vida, mas que podem ser armazenados ou produzidos através das habilidades próprias,  para possibilitar ganhar alguma autonomia. Em todo o mundo de forma tendencialmente discreta os sobrevivencialistas preparam-se para o pior desfrutando dos tempos que possibilitam viver o melhor na paz e na segurança quotidiana.

Na APROSOC como em quaisquer outras organizações ou fora delas, existem alguns sobrevivencialistas que procuram incessantemente quase que em jeito de passatempo adquirir competências e equipamentos para a autoproteção, sua e dos seus.

No seio da APROSOC um núcleo muito restrito acompanha continuamente o que de melhor se conhece pelo mundo no âmbito do sobrevivencialismo, partilhando-se com todos os membros da APROSOC de forma estudada e pedagogicamente programada, aquilo que é tido por adequado à educação coletiva para sobreviver face a emergências ou situações de exceção.

Fora do âmbito Associativo geral, os sobrevivencialistas que integram a APROSOC estão em permanente contacto mesmo que falhem as telecomunicações e sabem por que vias alternativas e em que canais ou frequências conseguem estabelecer contacto, desenhando-se espontaneamente um plano de ação de interajuda que somente quem está integrado conhece.

Não há propriamente secretismo, mas sim a indispensável indiscrição para aumentar a probabilidade de sobrevivência mesmo no caos (Estado sem aplicabilidade das Leis), embora sempre mantendo a escrupulosa preocupação de manter toda a atividade e equipamentos possuídos totalmente dentro dos limites legais, por exemplo, existe que seja detentor de equipamentos de radiocomunicações que só estará legitimado para usar quando esteja instalado o caos, mas que não são usados quotidianamente exceto com carga fictícia para treino e formação em espaço confinado. Estes equipamentos estão fechados em caixa de proteção garantindo-se que não é sequer presumido o seu uso fora do contexto de “desastre”.

Neste grupo informal não são permitidas armas ilegais nem o tema armas é abordado embora a defesa pessoal faça parte das preocupações de cada cidadão, somos uma organização pacífica e respeitadora das Leis do Estado democrático e não nos permitimos a qualquer violação das mesmas, sendo que por esse motivo o próprio uso de objetos cortantes para sobrevivência são inteiramente respeitadas as disposições da Lei n.º 5/2006 de 23 de Fevereiro.

É sabido que existem situações de exceção em que os cidadãos não vão ser auxiliados atempadamente pelos serviços governamentais também eles compostos por cidadãos que legitimamente em primeiro lugar vão proteger-se a si e aos seus, sendo por isso importante que cada cidadão, cada chefe de família (M/F), esteja preparado para se proteger a si e aos seus, ou mesmo se articule em comunidade para a autoproteção, por exemplo tendo planos que são regularmente discutidos em grupo e desenvolvidos, por exemplo no que respeita ao que ter para socorrer os feridos ou doentes, quem verifica e garante a validade dos medicamentos, quem e como se procede à evacuação de um doente ou ferido e para onde, se existem profissionais de saúde mais diferenciados no grupo ou se têm forma de contactar com um mesmo que as telecomunicações colapsem.

Logística de bens essenciais, energia, saúde, radiocomunicações alternativas e autónomas, adequação de vestuário, improviso de saneamento básico e higiene pessoal são alguns dos muitos temas estudados pelos sobrevivencialistas mas, o mais importante numa comunidade sobrevivencialista é a confiança, seguindo-se as competências, aptidões e as capacidades.  

Ninguém se inscreve como sobrevivencialista na APROSOC, não existe um grupo de sobrevivencialistas na APROSOC, existe sim um conjunto de pessoas que integram a APROSOC que se preocupam com sobrevivencialismo e partilham ideias e planos entre si, estabelecendo grupos informais que efetivamente funcionam localmente, sim localmente porque, por exemplo se as pontes sobre o tejo ruírem ou se as estradas estiverem intransitáveis, ou mesmo se não houver acesso a veículos, todo o plano de ajuda de uma margem para a outra do Tejo pode ser anulado, motivo pelo qual a organização destes grupos espontâneos e informais é local, no limite da distância percorrível a pé com a sua BOB (bag out bag) às costas, dependendo essa distância da preparação física, psicológica e estado dos trajetos.

Esta é uma abordagem superficialista do assunto, mas que desejamos inspire muitos outros cidadãos e famílias a preparar-se para o pior, vivendo o que de melhor a vida em segurança tem para oferecer.