Enquanto “brincamos” às “aldeias (IN)seguras e pessoas (In)seguras” continua a morrer gente e animais, os operacionais continuam sem qualquer controlo de segurança e saúde no trabalho, são carne para canhão que acumulam flictenas nos pés e outras lesões, numa área profissional onde deliberada e criminosamente a Autoridade para as Condições no Trabalho não atua, para não por a nu tudo o que de quão criminoso está em vigor tantos nos Bombeiros, quanto nas Forças Armadas e Forças de Segurança, já para não falar do mal amado INEM enterrado até ao pescoço em interesses instalados e em escravidão laboral e perseguição das vozes incómodas.
Com a atual política de António Costa e seus “irmãos de avental” nada de significativo mudará para melhor, e nada se fará que não sirva para promover alguém a um lugar de destaque, preferencialmente em Bruxelas.
Programas que para pouco mais servem que para alimentar negócios de amigos, mas que pouco servem para proteger as pessoas. Ausência de pacotes financeiros de incentivo à constituição, equipagem e operacionalização das unidades locais de proteção civil, determinam a incapacidade de resposta adequada e atempada em missões auxiliares (por exemplo de rescaldo) que os operacionais da primeira linha se vêm obrigados a abandonar nos incêndios para procurar salvar outras habitações em risco e de que, à “rabanada” de vento seguinte resultam em mais uma projeção, mais um foco de incêndio secundário ou reacendimento, e que deita a perder todo o trabalho realizado pela primeira linha.
Não há bombeiros, não há militares, não há forças de segurança algumas com capacidade numérica e energia suficiente face ao número, dimensão e potência dos incêndios rurais nos dias mais críticos. Sem o envolvimento coordenado dos cidadãos através das unidades locais de proteção civil, eventualmente em articulação com organizações de voluntariado de proteção civil, nas próximas décadas continuaremos a contar cadáveres de pessoas, animais, habitações destruídas, e alguém continuará a afirmar que, “os incêndios foram bons para a economia” deste país subsídio-dependente da União Europeia onde impera o “coitadísmo” para obter condescendência no cumprimento das metas do défice e bazucas financeiras, enquanto os cofres do estado arrecadam IVA, IRC e IRS resultante das operações de reconstrução de tudo o que o fogo levou.
O Governo, seja ele qual for, seja qual for a cor política ou a ordem de avental transversal a todas as cores, é culpado de cada perda de vida humana, animal ou bens, mas da culpa à responsabilidade vai uma grande distância, pois a culpa resultante da inércia e inépcia é uma coisa, mas a assunção de responsabilidades, essa recai sempre sobre os mesmos, os contribuintes.
Estamos perante um Governo que não é capaz de impor multas dissuasoras de comportamentos de risco de incêndio, não é capaz de impor sequer a quem atira beatas de cigarros pela janela da viatura a perda de pontos na carta. Um Governo umas vezes de meias medidas em alternância com as medidas nenhumas.
As autarquias continuam de costas voltadas para as Organizações de Voluntariado de Proteção Civil (OVPC), a estrutura nacional de Proteção Civil, continua a não ser capaz de responder adequadamente na gestão e coordenação de meios, ou sequer de utilizar para o efeito todos os recurso de radiocomunicações que têm à disposição e que poderiam ser operacionalizados por voluntários da OVPC com elevados benefícios na gestão de meios. Estas OVPC continuam a suportar os cursos de seguros, combustíveis, alimentação e tudo mais que implica sua atuação no terreno, ou seja, existir existem, mas para pouco mais servem do que para as estatísticas.
É incomensurável a inépcia de que resulta o subaproveitamento dos recursos de radiocomunicações colocados pelos contribuintes à disposição dos serviços e agentes de emergência e proteção civil, tal como incomensurável é a inépcia política no que à Proteção Civil é atinente, pese embora o facto de existirem pessoas muito competentes na estrutura.
Muito mais haveria a dizer, mas o texto já vai longo e a paciência do povo para textos longos começa a ser escassa, tal como o crédito dado às políticas de proteção civil de um Governo que continua a ter a desfaçatez de pedir a confiança dos cidadãos nos serviços e agentes de emergência e proteção civil, enquanto o número de mortes, feridos e perdas materiais se amontoa.
Artigo de Opinião de: João Paulo Saraiva
Presidente da Direção da APROSOC